Vivência Mediúnica
Estudando a paranormalidade humana com critério e austeridade, Allan Kardec
anotou, no item 159 do Capítulo XlV de O Livro dos Médiuns, que todo aquele que
sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium.”
Analisando a mediunidade, o ínclito Codificador esclareceu que a sua expressão
orgânica não constitui privilégio, antes é uma faculdade do Espírito, cuja
condução depende dos valores éticos daquele que a possui.
Desse modo, ela está presente na quase totalidade dos indivíduos e em todo
lugar, desvinculada de quaisquer conquistas morais ou de outra natureza.
Sendo, no entanto, instrumento que propicia o progresso, por cujo intermédio
ocorrem as demonstrações da imortalidade e todo um elenco de contribuições para
a felicidade humana, a sua condução exige requisitos graves, do que resultam as
bênçãos que se anelam, exercitando-a com elevação.
O perfeito conhecimento dos objetivos da mediunidade equipa o intermediário para
a desincumbência do compromisso assumido antes da reencarnação, e o seu
menosprezo acarreta problemas muito complexos, interferindo na existência do seu
portador.
Todo instrumento deixado ao abandono sofre os efeitos danosos do descuido.
Qualquer faculdade do corpo, da mente ou da alma, relegada a plano secundário,
padece a desorganização que o tempo, a falta de exercício impõem, gerando
atrofia, atraso, desequilíbrio.
A mediunidade não constitui exceção.
Médiuns, conscientes ou não, foram os santos, os sábios, os artistas, os
cientistas, por conseguirem sentir a presença dos Espíritos ou do pensamento
superior de que se tornaram instrumentos, expressando, nas próprias vidas, nas
realizações e inventos, a manifestação superior de que se fizeram objeto.
No que tange à conduta espírita, o médium é portador de abençoada
instrumentalidade para autoiluminar-se, promover o progresso da Humanidade,
desenvolver os valores nobres, consolar e amparar as criaturas atormentadas e
sofridas de ambos os planos da Vida.
Assim, o indivíduo é médium em todos os momentos da existência física, e não
apenas esporadicamente, durante as reuniões experimentais de que participa.
Conforme a conduta mental e social, graças aos pensamentos e ações, atrai
Espíritos com os quais se afina, passando a agasalhar-lhes os sentimentos e as
ideias, que exteriorizará, às vezes, sem dar-se conta.
A vivência mediúnica é, por consequência, capítulo importante, no dia a dia de
todo aquele em quem a faculdade se manifesta, e pretende servir ao programa do
Bem, na restauração ou fundação da sociedade justa e feliz, ou da Era Nova do
Espírito Imortal.
A disciplina constitui um elemento importante, para que outros deveres se
apresentem, favorecendo a desincumbência do ministério abraçado. Graças ao seu
exercício correto, torna-se imediata a luta pela superação do egoísmo e seu
séquito nefando, sempre responsáveis pelas ocorrências desditosas entre os
homens.
Como antídoto a esse terrível adversário íntimo, a experiência do amor solidário
e a adaptação ao sentimento de humildade real fazem-se indispensáveis para o
desenvolvimento de outras virtudes, que formam o conjunto de recursos auxiliares
para conseguir-se a vitória.
A vivência mediúnica saudável é consequência da conscientização do compromisso,
que se adquire através do estudo da própria faculdade, da meditação em tomo das
suas finalidades quanto da irrestrita confiança em Deus.
A vivência mediúnica será expressa na ação dignificadora, que se constitui
recurso precioso para a pacificação íntima e a felicidade.
Médiuns existem de todos os quilates e portadores das mais variadas faculdades.
Médiuns espíritas, porém, conscientes e responsáveis, são em número menor, que
se entregam à vivência integral objetivando alcançar o mediunato, que é a grande
meta que pretendem os Espíritos missionários no exercício da mediunidade. (...)
Joanna de Ângelis