Pai, Que Estais no Céu...
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando tua porta, ora a teu
pai que está em secreto; e teu pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente.
Portanto, orarás assim: Pai nosso, que estais no céu...
A Torá, livro sagrado da fé judaica, nomeia Deus por meio de títulos como El
shaddai, que significa Deus todo poderoso, ou Elohim, que indica o poder de Deus
enquanto Criador.
Os Evangelistas relatam que, na época do Cristo, escribas e fariseus referiam-se
a Deus de forma muito cerimoniosa, utilizando-se de palavras como Senhor ou
Eterno.
Jesus, entretanto, foi o primeiro a referir-se a Deus como Abba, palavra
utilizada de modo informal pelos judeus a fim de se dirigirem a seus próprios
pais de maneira carinhosa.
Ao chamar Deus de Pai, o mestre instituiu uma importante mudança teológica,
apresentando-nos a um Pai celestial do qual todos somos filhos.
Porém, o que significa chamarmos Deus de Pai?
Antes do sol raiar, Yu Xukang desperta seu filho, Xiao, que é deficiente físico
e não pode caminhar.
Por morarem em uma cidade rural no sudoeste chinês, não há ônibus escolar e nem
transporte público adequado às necessidades especiais do menino de nove anos.
Dessa forma, Yu caminha pouco mais de trinta quilômetros diariamente com o filho
amarrado às costas, a fim de levá-lo à escola.
O pai se recusa a desistir, mesmo que suas costas estejam doloridas e já tenham
se tornado curvadas por conta do esforço diário.
Eu sinto imenso orgulho do meu filho. Ele é um dos melhores alunos da classe e
não irei desistir, afirma o pai, que sonha ver o filho entrando para a
universidade.
Chamar Deus de Pai revela a grande intimidade e a profunda relação de amor que
há entre Criador e criatura.
Chamando-o de Pai, estendemos uma forte ligação de confiança com Ele, tal qual
uma criança que, dirigindo-se ao seu genitor, confia, sente-se amada, amparada,
segura.
Ao chamá-lo de Pai, transbordamo-nos de Sua misericórdia, que a todos nos
perdoa. Também nos deparamos com Sua perfeita pedagogia, que nos ensina com
infinita justiça.
Justiça que não nos abandona em nossas faltas, mas, antes, permite repararmos o
mal que cometemos, os corações que magoamos, o auxílio que não distendemos, o
perdão que não oferecemos.
Ao invocarmos o Pai celestial, a Ele confiamos todas as nossas tribulações: das
mais triviais e cotidianas, como o alimento, a saúde, o trabalho, até as mais
elevadas, como a reforma íntima, a evolução pessoal, o progresso daqueles que
marchamos em direção à angelitude.
E Deus, Pai verdadeiro que é, em tudo nos atende: para nossas mazelas morais,
nos oferece a oportunidade de progresso; para nossas lágrimas, permite brote o
sorriso e em nossas angústias, Ele nos revela a paz.
Silenciemos e o escutemos, fechemos os olhos e O sintamos: Pai que conhece a
todos os homens e a cada um de nós em particular.
Pai que conduz nossos passos, Pai que nos ama infinitamente, conforta-nos,
dá-nos esperança e nos aguarda de braços abertos.
Pai nosso, que estais no céu...
Momento Espírita