Céu
Aflitiva e longa tem sido a nossa viagem multimilenária, através da
reencarnação, a fim de que venhamos a entender o conceito de céu.
Entre os chineses de épocas venerandas, afiançávamos que a imortalidade era a
absoluta integração com os antepassados.
Na Índia bramânica, admitíamos que o éden fosse a condição privilegiada de
alguns eleitos, na pureza intocável dos cimos.
No Egito remoto, imaginávamos que a glória, na Esfera Espiritual, consistisse na
intimidade com os deuses particulares, ainda mesmo quando se mostrassem
positivamente cruéis.
Na Grécia antiga, supúnhamos que a felicidade suprema, além da morte, brilhasse
no trono das honrarias domésticas.
Com gauleses e romanos, incas e astecas, possuíamos figurações especiais do
paraíso e, ainda ontem, acreditávamos que o céu fosse região deleitosa, em que
Deus, teologicamente transformado em caprichoso patriarca, vivesse condecorando
os filhos oportunistas que evidenciassem mais ampla inteligência, no campeonato
da adulação.
De existência a existência, entretanto, aprendemos hoje que a vida se espraia,
triunfante, em todos os domínios universais do sem-fim; que a matéria assume
estados diversos de fluidez e condensação; que os mundos se multiplicam
infinitamente no plano cósmico; que cada espírito permanece em determinado
momento evolutivo, e que, por isso, o céu, em essência, é um estado de alma que
varia conforme a visão interior de cada um.
É por esse motivo que Allan Kardec pergunta e responde:
– Nessa imensidade ilimitada, onde está o Céu?
“Em toda parte. Nenhum contorno especial lhe traça limites. Os mundos superiores
são as últimas estações do seu caminho, que as virtudes franqueiam e os vícios
interditam.”
E foi ainda, por essa mesma razão que, prevenindo-nos para compreender as
realidades da natureza, no grande porvir, ensinou-nos Jesus, claramente:
“O Reino de Deus está dentro de vós.”
Emmanuel