Mediunidade e Mistificação
Compreendendo-se que na experiência humana enxameiam espíritos desencarnados
de todos os escalões, seja lícito comparar os médiuns, tão-somente médiuns, aos
instrumentos de comunicação usados pelos homens, no trato com os próprios
homens.
Médiuns de transporte.
Vejamos o guindaste que opera por muitos estivadores.
Tanto pode manejá-lo um chefe culto, quanto o subordinado irresponsável.
Médiuns falantes.
Observemos o aparelho de gravação.
O microfone que transmitiu mensagem edificante assinala com a mesma precisão um
recado indesejável.
Médiuns escreventes.
Analisemos o apetrecho de escrita.
O mesmo lápis que atendeu à feitura de um poema serve à fixação de anedota
infeliz.
Médiuns sonâmbulos.
Estudemos a hipnose.
Na orientação de um paciente, tanto consegue estar um magnetizador digno que o
sugestiona para a verdade, quanto outro, de formação moral diferente, que o
induza à paródia.
A força mediúnica, como acontece à energia elétrica, é neutra em si.
A produção mediúnica resulta sempre das companhias espirituais a que o médium se
afeiçoe.
Evidentemente, o médium é chamado a garantir-se na sinceridade com que se
conduza e na abnegação com que se entregue ao trabalho dos Bons Espíritos que,
em nome do Senhor, se encarregam do bem de todos.
Em tais condições, nada pode o médium temer, em matéria de embustes, porque
todos aqueles que se consagram e se sacrificam pelo bem dos semelhantes, jamais
mistificam, por se resguardarem na tranqüilidade da consciência, convictos de
que não lhes compete outra atitude senão a de perseverar no bem, acolhendo
quaisquer embaraços por lições, a fim de aprenderem a servir ao bem com mais
segurança, já que o merecimento do bem cabe ao Senhor e não a nós.
Fácil reconhecer, assim, que não se carece tanto de ação da mediunidade no
Espiritismo, mas em toda parte e com qualquer pessoa, todos temos necessidade
urgente do Espiritismo na ação da mediunidade.
André Luiz