Resposta de Companheiro
Meu amigo, pede você um roteiro de nosso plano, que lhe sirva às incursões no
campo mediúnico.
“A região é quase inexplorada, as surpresas imensas” – diz você desalentado.
Como os velhos portugueses do litoral do Brasil, que perdiam longo tempo, antes
de enfrentar a selva do continente espiritual, sentindo-se você incapaz do
serviço de penetração, na terra maravilhosa dos novos conhecimentos. Observa as
possibilidades infinitas de realização à grandeza do serviço a fazer;
entretanto, a incerteza impede-lhe a marcha inicial.
Sabe você que os sacrifícios não serão reduzidos. Os bandeirantes antigos, para
semearem a civilização no oceano verde, sofreram, muita vez, privações e
dificuldades, solidão e angustia indizíveis. Os pioneiros da espiritualidade,
nos tempos modernos, para distribuírem a nova luz, na floresta dos sentimentos
humanos, não devem nem podem aguardar excursões pacificas e felizes na esfera
imediatista. Experimentarão igualmente os choques do meio, sentir-se-ão quase
sós, padecerão a sede do espírito e a fome do coração.
Tochas acesas contra as sombras da ignorância e do convencionalismo inferior,
sofrem o desgaste natural de suas possibilidades e energias.
Quem se abalance, pois, no ideal de servir, no campo da mediunidade, espere por
lutas árduas de purificação.
A técnica da cooperação com a espiritualidade superior não é diferente daquela
que norteia as atividades dos realizadores do progresso humano. É razoável que o
individualismo ai prepondere, como coloração inalienável da ação pessoal no
trabalho a desenvolver; todavia, esse individualismo deve ajustar-se aos
imperativos do supremo bem, apagando-se, voluntariamente, com alegria, para que
as claridade da vida mais alta se destaquem no quadro penumbroso da atividade
terrestre.
Não é o fenômeno desconcertante e indiscutível a base fundamental da obra. È o
espírito de boa-vontade, de sacrifício e renunciação. Ser o medianeiro de fatos
transcendente, que constituam alicerce de grandes e abençoadas convicções, é
admirável tarefa, sem duvida. No entanto, se as demonstrações obedecem a
impulsos mecânicos, sem o condimento da compreensão elevada, no setor da
responsabilidade, do serviço e do amor fraterno, toda a fenomenologia se reduz o
fogo-fátuo. Impressiona e comove, durante a festa, para cair no absoluto
esquecimento, nas horas seguintes.
Não basta iniciar a edificação para que o trabalho se realize. É indispensável
saber prosseguir e saber terminar. Imprescindível compreender também nesse
capitulo que todos os homens do mundo são médiuns, por serem intermediários do
bem ou do mal.
As fontes do pensamento procedem de origens excessivamente complexas. E, nesse
sentido, cada criatura humana, nos serviços comuns, reflete o núcleo de vida
invisível a que se encontra ligada de mente e coração. Não nos cansaremos de
repetir que as esferas dos encarnados e desencarnados se interpenetram em toda
parte.
Não posso desviar-me, contudo, da linha essencial de sua consulta fraterna.
Você, em suma, deseja informa-se quanto ao processo mais eficiente de atender
aos imperativos do bem, no intercambio com o plano invisível e, em face de seu
desejo, nada tenho a aconselhar-lhe senão que intensifique sua capacidade
receptiva, dilatando conhecimentos, elevando aspirações, purificando propósitos
e quebrando a concha do personalismo inferior para poder refletir o infinito.
Mediunidade é sintonia. Cada mente recebe segundo a natureza e extensão da onda
de sentimento que lhe é própria.
Subamos desse modo, a montanha do conhecimento e da bondade. Ajustemo-nos à
esfera superior da vida, para merecermos a convivência dos Espíritos Superiores.
A virtude primordial em semelhante tarefa não consiste, substancialmente, em ser
médium, mas ser trabalhador fiel do bem, instrumento do Divino Amor, onde quer
que você se encontre.
Na execução desse programa, encontrará continuo engrandecimento de poder
espiritual.
Guarde a harmonia de seu vaso físico, faça mais luz em sua mente, intensifique o
amor em seu coração e o trabalho será sempre mais lúcido mais sublime.
Quanto às arremetidas dos descrentes e ironistas do mundo, não se prenda ao
julgamento que lhes é peculiar. São mais infelizes que perversos. Em todos os
tempos, tanto riem como choram, inconscientemente. Não emito semelhante
conceito, para envolver-me em fumaças de superioridade; é que também me demorei
longo tempo entre eles, e conheço, de experiência própria, os sorrisos e
lagrimas do picadeiro da ignorância.
Siga, portanto, seu caminho, estudando com o Mestre Divino e ouvindo a própria
consciência.
Não serei eu, pobre amigo do plano espiritual, quem lhe vá traçar diretrizes.
No fundo, o que você deseja é o encontro divino com o Senhor, o ideal que me
impulsiona agora o espírito de pecador.
Em vista disso, ouçamos juntos a advertência do Evangelho:
- “Negue cada qual a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Tem você suficiente disposição para satisfazer o sagrado apelo? Quanto a mim,
esteja certo de que, não obstante a condição de alma do outro mundo é o que
estou procurando fazer com toda a sinceridade do coração.
Irmão X