Doutores em Amor
Nós, iniciantes aprendizes na arte e na ciência de amar, faladores teóricos
da sabedoria do Evangelho e tímidos ou receosos praticantes do amor trazido ao
planeta pelo Mestre da Humanidade, temos mesmo muito que aprender até que nos
capacitemos devidamente aos caminhos da iluminação interior. Pelo menos,
todavia, já estamos a caminho. Estamos aprendendo e de tanto falar, comentar,
escrever, vamos gradativamente assimilando as questões.
A expressão “doutores em amor” foi usada por Lúcius, na psicografia de André
Luiz Ruiz, no livro Herdeiros do Novo Mundo, mais um clássico da lavra do
competente autor espiritual e boa sintonia do médium, na edição do IDE. A
citação está no capítulo 12 – Dúvidas e Orientações, e consta da página 129 da
1ª edição. No citado capítulo o autor relata o caso de dois trabalhadores de uma
instituição religiosa que resolveram unir as próprias vidas nos caminhos do
afeto após o homem enviuvar, sendo a moça bem mais jovem e economicamente mais
necessitada. Pronto! Foi o suficiente para o desabrochar dos estiletes metais de
inveja, de crítica e condenação, especialmente dos numerosos “doutores em amor”
que usavam da tribuna para falar de amor ao próximo ou de senhoras ditas
pulcras, conforme citado no próprio texto, detentores todos apenas do conteúdo
intelectual e ainda distantes da prática autêntica do amor. Convenhamos, ainda
somos assim. Mesmo em nossas instituições. O exemplo citado no capítulo ocorreu
numa instituição espírita! A moça, no caso citado, teve que se afastar das
reuniões públicas face à hostilidade silenciosa e maldosa da condenação que
julga com crueldade.
E isto, como se sabe, afeta diretamente o ambiente de trabalho, tão
carinhosamente preparado pelos espíritos benfeitores de toda instituição que se
dedica ao bem, com prejuízos evidentes e gradativos que abrem caminho às
inteligências ainda voltadas ao combate da luz.
É... Temos todos muito que aprender. Ainda somos muito teóricos, fazemos
citações de capítulos, páginas, autor, etc. Mas nos corroemos por dentro com
egoísmo feroz nas tentativas de impor e condenar.
Nas lamentáveis lutas internas das instituições – religiosas ou não –, ainda
travadas com disputas de cargos ou pontos de vista, fica evidente na indicação
do autor espiritual no mesmo capítulo que “(...) a luta do presente é a do
indivíduo mudar-se a si mesmo para auxiliar na mudança do todo (..)”. E continua
no capítulo seguinte: “(...) A Misericórdia nos convoca a modificar nossos
sentimentos (...)”.
Eis a solução para inúmeros desafios defrontados diariamente em nossa realidade
cotidiana, seja na vida familiar ou coletiva, na profissão ou nos trabalhos e
ideais a que nos entregamos.
Algo para pensar seriamente.
Aliás, fica a dica do livro, uma obra notável!
Orson Carrara