Ante o Cristo Consolador
Nas consolações e tarefas do Espiritismo, é necessário que o coração vibre
acordado em sintonia com o cérebro para que não venhamos a perder valiosas
oportunidades no tempo.
Provarás a sobrevivência da alma, além da morte, através de testemunhos
insofismáveis da experimentação, entretanto, que valor apresentará semelhante
esforço, se não auxiliais o aperfeiçoamento moral do Espírito em peregrinação na
carne?
Movimentarás equações filosóficas, anunciando à mente do povo os princípios da
reencarnação, contudo que adiantarão teus assertos, se não ofereces ao próximo
os recursos indispensáveis à sublimação da vida interior?
Aproveitarás a mediunidade, distribuindo idéias novas e novas convicções, entre
os homens sedentos de esperança, por intermédio da argumentação irretorquível;
no entanto, de que te servirá o interesse fortuito, nas revelações graciosas, se
não despertas a noção de responsabilidade naqueles que te observam e ouvem?...
Realizarás as melhores demonstrações científicas, positivando a vida consciente
em outros mundos e em outras esferas de ação; todavia, de que valerá semelhante
empreendimento se te não dispões a ajudar o pedaço de chão em que nasceste
contribuindo de algum modo, na construção da Terra melhor?
É por isso que, quase sempre, Espiritismo sem Cristianismo é simples empresa
intelectual, destinada a desaparecer no sorvedouro de caprichos da inteligência.
Não se entrelaçariam dois mundos diferentes para o simples trabalho da pesquisa
ociosa ou do êxtase inoperante.
Não se abririam as portas do Grande Além para que o homem se infantilizasse na
irresponsabilidade ou na inconseqüência.
Cristo é o ponto de equilíbrio em nosso reencontro.
Espíritos desencarnados e encarnados, todos nos achamos em degraus diferentes da
escada evolutiva.
Sem Jesus, estaríamos confinados à sombra de nós mesmos, e, sem a disciplina do
Seu Evangelho de Luz e Amor, com todas as pompas de nossa fenomenologia
convincente e brilhante não passaríamos de consciências extraviadas e
irrequietas a caminho do caos.
Michel E. de Montaigne em “Essais, I, 14”: Et est la follie de s’attendre que
fortune elle même nous arme suffisemment contre soy. C’est de nos armes qu’il la
faut combattre. A loucura espera que a boa-sorte nos forneça armas suficientes
contra ela. Com ela em nossas mãos é que a combateremos.
Emmanuel