Celina
Quando elevamos ao céu nosso olhar suplicante, há para todos nós, os que se
afligem na provação, uma carinhosa e compassiva Mãe que nos ampara e consola...
Compadece-se de nossa dor, contempla-nos com misericórdia e manda-nos então o
anjo da sua bondade, para balsamizar nossos padecimentos...
É Celina, a suave mensageira da Virgem, a Mãe de todas as mães, o gênio tutelar
da humanidade sofredora...
Quando o pranto aflora nos olhos das que são filhas e irmãs, das que são esposas
e mães na Terra, no coração das quais, muitas vezes, se concentra a amargura,
vem Celina e toma-as nos seus braços de névoa resplandecente e, através dos
ouvidos da consciência, lhes diz com brandura:
“Veio a dor bater à vossa porta? Coragem... Não desanimeis nas ásperas lutas que
objetivam vosso aprimoramento moral. Pensai nAquela que teve sua alma recortada
de martírios, lacerada de sofrimentos, atormentada de angústias.
Ela se desvela do céu por todas aquelas almas que escolheram sua pegadas de Mãe
amorosa e compassiva.
Foi ela que, escutando a oração de vossa fé, me enviou para que eu vos desse as
flores de seu amor sacrossanto, portadoras da paz, da humildade e, sobretudo, da
paciência: porque o acaso não existe e tudo na vida obedece a uma lei
inteligente de causalidade que foge aos vossos olhos, que se sentem
impossibilitados de ver toda a verdade: Tomai minhas mãos!
Cumpri austeramente, fechai vossos olhos àquilo que pode obstar vossos passos
para a luz e caminhai comigo. Os anos são minúsculas frações de tempo e, um dia,
sem vos deterdes com o cansaço, chegareis ao pé dAquela que é vossa Mãe
desvelada de todos os instantes!...”
E todas aquelas que ouvem, sentem-se sustentadas por braços tutelares, na noite
escura das dores, e vertendo lágrimas amargosas, preparam-se e se iluminam na
pedregosa senda da virtude para respirar os ares felizes do encantado país onde
desabrocham os lírios maravilhosos da esperança!
Maria João de Deus