Enviados de Cristo

Esse triste companheiro,
Cujo passo te procura,
Ralado na desventura
Que não sabes de onde vem...

Esse pedinte arrasado
Por dores desconhecidas,
Emaranhado em feridas,
Sem proteção de ninguém.

Esse amigo que lastima
A própria ação rude e cega
No cárcere que o segrega
Para reforma e pesar...

Esse irmão largado à noite,
De olhar magoado e profundo,
Que roga debalde ao mundo
O doce calor de um lar...

Essa mendiga que estende
Pobre mão encarquilhada,
Cuja penúria na estrada,
Ninguém na terra traduz...

Esse doente cansado,
Que se lamenta sozinho,
Abandonado ao caminho,
A mingua de paz e luz...

Essa mãe de filho ao peito,
Que em lágrimas se consome,
Às vezes, com febre e fome,
Rogando socorro em vão...

Essa criança assustada,
Que chora sem rumo certo,
Flor atirada ao deserto,
Anjo na cruz da aflição...

À frente desses amigos
Que o sofrimento encarcera,
Corações em Longa espera
Recordas o “NÃO JULGUEIS”...

Eles não pedem censura.
Mostrando a necessidade
Ensinam que a caridade
É a lei de todas as leis!...

Esses irmãos quase mortos!...
Eis que o céu no-los envia,
Na estrada do dia-a-dia,
Para as lições do Senhor!...

Saibamos ressuscitá-los
Da morte em sombra e prova,
Doando-lhes vida nova
Na escola viva do amor!...


Irene de Souza Pinto