O Grande Príncipe
Havia um rei, muito bom, que tinha dois filhos. Como já estava
velho, precisava escolher um deles para ajudá-lo nas tarefas de governar e, mais
tarde, substituí-lo, naquele país.
A fim de experimentar qual dos dois estaria melhor indicado para aquela tarefa,
chamou os moços, entregou a cada um deles, uma carruagem contendo ouro, dinheiro
e jóias, dizendo:
- Percorram o reino e procurem empregar estes tesouros da forma que julgarem
mais convenientemente ao futuro rei deste país. Dentro de três meses, deverão
regressar e contar-me o que tiverem feito; dependendo de suas ações, escolherei
aquele que há de me ajudar no governo deste país.
Findo os três meses, um dos filhos chegou ao palácio, alegre e bem vestido, o
rei o recebeu contente, abençoou-o e pediu que narrasse o que havia feito.
O moço fez uma reverência e disse:
- Meu pai e soberano, viajei por todo o país e comprei, para teu descanso um
maravilhoso e enorme palácio: comprei escravos fortes, para te servirem e reuni
neste castelo as riquezas maravilhosas do nosso tempo. No palácio, poderás
tranqüilamente, feliz e seguro de todos os teus bens, vigiados pelos teus
servos.
O velho rei agradeceu amorosamente, as atitudes do filho que pensou muito nele e
em seu futuro. Convidou o filho a esperar pelo outro príncipe Que ainda não
chegara.
Certo dia, estando pai e filho em agradável conversa, eis que chega o outro
filho. O príncipe entrou na sala real e ao contrário do irmão, vinha cansado,
abatido e mal vestido. Não havia comprado roupas novas.
Aproximando-se do rei, falou:
- Querido pai, viajei por todas as terras, de norte a sul, de leste a oeste. Em
alguns lugares o povo vivia em paz, em bem estar, mas nas montanhas encontrei
muitos sem emprego, doentes, famintos e muitas mulheres e crianças sem casa para
morar.
Com parte do dinheiro e dos tesouros que me destes, arranjei médicos e remédios
em favor daqueles que sofriam.
Mandei construir oficinas de trabalho e dei emprego a todos. Com alimentos e com
forças readquiridas, cada família construiu sua casa com o material que doei em
seu nome.
Ao norte, verifiquei jovens e crianças sem escolas, instalei várias salas de
aula e contratei professores.
O jovem parou de falar e em seguida comentou:
- Perdoe-me pai, nada fiz para te enriquecer e gastei tudo o que me deste.
Voltei pobre!
O rei olhou para o filho e com um gesto carinhoso perguntou:
- Fizeste o que achavas que era certo?
- Sim, – respondeu o filho – jamais descansarei enquanto houver sofrimento
nestas terras, porque aprendi contigo que as necessidades dos filhos do povo são
iguais às dos filhos do rei...
Diante destas palavras, o rei, trêmulo de emoção, desceu do trono, abraçou
demoradamente o filho e exclamou:
- Grande príncipe, abençoado sejas para sempre. É a ti que compete o direito de
governar ao meu lado, pois foste tu que melhor soube aplicar o dinheiro que lhe
confiei. Multiplicastes nossos bens. O povo trabalhando, produzirá mais e haverá
mais o que vender e assim, melhorarão suas condições de vida e saúde, e com as
escolas o povo compreenderá o valor da liberdade e do conhecimento engrandecendo
o meu reino.
- Deus te abençoe meu filho!
Desconhecido