Maria Doida
“Doida! Maria Doida!” A meninada
Persegue a pobre louca em longas filas.
Cerrando as mãos nervosas e intranqüilas,
Maria corre em fúria desgrenhada.
Ah! minha irmã, que em sombra te aniquilas;
Desditosa, sozinha, desprezada,
Bebes, com sede e fome, na calçada,
O pranto que te verte das pupilas!...
Mas, à noite, Maria, enquanto dormes,
Revês, de novo, as árvores enormes
Do teu solar de luxo noutras eras...
E agradeces, na palha seca e fria,
A rude provação de cada dia,
Como preço do júbilo que esperas!
Casimiro Cunha