Fé
“Mas os cuidados deste mundo, os enganos das riquezas e as ambições doutras
coisas, entrando, sufocam a palavra, que fica infrutífera.” – Jesus.
(MARCOS, 4:19.)
A árvore da fé viva não cresce no coração, miraculosamente.
Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do esforço
da criatura.
Qualquer planta útil reclama especial atenção no desenvolvimento.
Indispensável cogitar-se do trabalho de proteção, auxílio e defesa.
Estacadas, adubos, vigilância, todos os fatores de preservação devem ser
postos em movimento, a fim de que o vegetal precioso atinja os fins a que se
destina.
A conquista da crença edificante não é serviço de menor esforço.
A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa auréola doada a
alguns espíritos privilegiados pelo favor divino.
Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis conseqüências.
A sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo desdobramento cada
aprendiz funciona como orientador, engenheiro e operário de si mesmo.
Não se faz possível a realização, quando excessivas ansiedades terrestres,
de parceria com enganos e ambições inferiores, torturam o campo íntimo, à
maneira de vermes e malfeitores, atacando a obra.
A lição do Evangelho é semente viva.
O coração humano é receptivo, tanto quanto a terra.
É imprescindível tratar a planta divina com desvelada ternura e instinto
enérgico de defesa.
Há muitos perigos sutis contra ela, quais sejam os tóxicos dos maus livros,
as opiniões ociosas, as discussões excitantes, o hábito de analisar os
outros antes do autoexame.
Ninguém pode, pois, em sã consciência, transferir, de modo integral, a
vibração da fé ao espírito alheio, porque, realmente, isso é tarefa que
compete a cada um.
Emmanuel