Ressentimento
O ressentimento não é somente um peso morto, à
feição de chumbo na flama alígera de nossa prece, compelindo-a a descer,
anulada, nas sombras da frustração, e, em verdade, nem é apenas o tóxico que
envenena a membrana gástrica, provocando moléstias de abordagem difícil...
É também o fermento da treva que, a exteriorizar-se de melindres
inconseqüentes, avança qual projétil invisível sobre companheiros
invigilantes, debuxando as linhas de lama em que a maledicência e a calúnia
proliferam sem peias, ferindo almas e consciências, tanto quanto depredando
ou destruindo instituições generosas e veneráveis que nos rogam compreensão
e devotamento a fim de que produzam redenção e progresso no campo da
Humanidade.
Cada vez que o desgosto te bata à porta, aprende a
esquece-lo com toda a alma.
Lembra-te de que todos somos devedores
insolventes da Tolerância Divina e que, por isso mesmo, em nossas
imperfeições e fraquezas, não prescindimos da caridade recíproca, a fim de
que nos mantenhamos de pé.
Jamais olvidemos quão profunda é a nossa
dificuldade para retificar em nós mesmos as qualidades que nos desagradam
nos outros e banhemos o pensamento no grande amor, para que a fraternidade
real nos abençoe o caminho.
Seja qual for o grau da ofensa recebida,
não te esqueças de que somente a fonte do perdão irrestrito possui bastante
poder para extinguir o lodo da miséria e da ignorância, porquanto,
pretendendo fazer-nos justiça, com a força das próprias mãos,
invariavelmente caímos na delinquência e no desespero que nos agravam a
detenção nas cadeias do crime ou nas algemas da crueldade.
Emmanuel