Negro Aqui Não Entra!
Negro! Aqui não entra.
Há sessenta anos mais ou menos, a professora, negra, norte-americana. Mary Jane
Mac Leod Bethune, iniciou sua escola com três caixões de cebola, alinhados sob
uma árvore que nascera num lixão.
Quando Henry Ford foi para Osmond, uma praia da Califórnia, ela foi visitá-lo.
Na porta do hotel foi barrada, pois negro não podia entrar, somente se fosse
serviçal. Ela subiu a escadaria de incêndio e nove andares, saltou a janela e
tocou a campainha da porta do quarto e, quando o mordomo, por sinal um negro
também, veio atendê-la, ela disse:
- Quero falar com Mr. Ford.
- Mas Ms. Ford não recebe negros !
E falou-lhe a meia voz – Como você se atreve a vir aqui ? Ela reagiu em alta
voz:- Eu tenho uma entrevista marcada, por telefone, com Mr. Ford. Eu sou Mary
Jane. Ouvindo-a, Mr. Ford, redargüiu:
- Entre senhora.
Quando ela entrou, ele que era humanitário e acreditava na reencarnação,
exclamou, surpreso: - Mas eu não sabia que a senhora era uma negra !
Ela sorriu, elucidando: - Não totalmente. Eu duvido que o senhor conheça dentes
mais alvos e um olho mais branco do que o meu. Ele adorou a sua superioridade e
perguntou-lhe:
- O que a senhora deseja de mim?
- Desejo que me ajude a construir a escola dos meus sonhos. Ele concordou e
desceram pelo elevador por onde ela não pudera subir. E de braços dados
caminharam até um carro coupé. Ambos entraram no veículo e desfilaram pela
cidade de Osmaond, sob os olhares curiosos.
Ao chegarem ao lixão, ele perguntou-lhe, novamente surpreso:- Onde está sua
escola ? Ela apontou :- Ali.
- Senhora, ali é um depósito de lixo.
- Eu sempre me esqueço dos detalhes! Em verdade a minha escola está aqui na
cabeça. Eu quero que, com o seu dinheiro, o senhor a arranque daqui – apontou a
cabeça - e a coloque ali.
Ele deu-lhe, então, vinte mil dólares.
Essa mulher, com todas as dificuldades que têm os negros nos Estados Unidos, até
o ano de 1969 educou milhões de negros norte-americanos e tornou-se o símbolo da
educadora mundial.
Correio Fraterno