Frágil Rei
Disse a Vaidade ao Homem: - “Não te dobres!
Reges a Terra e a vastidão divina...”
E o Orgulho ajuntou: - “Vence e domina,
Humilhando os mais fracos e mais pobres.”
Disse o Egoísmo: - “A paz que te encobres
Provém da bolsa que não desatina.
Cerra teu cofre e esquece a vã doutrina
Que elege os bons e os tolos por mais nobres”.
O Homem riu-se e reinou... Mas, veio um dia
Em que a dor invisível, muda e fria,
Mirou-lhe as torres do castelo forte...
E o frágil rei, fugindo ao falso gozo,
Desceu triste, cansado e desditoso
Para o vale de lágrimas da Morte.
Anthero de Quental