O Evangelho no Lar
Trabalhemos pela implantação do Evangelho no lar, quando estiver ao alcance
de nossas possibilidades.
A seara depende da sementeira.
Se a gleba sofre o descuido de quem lavra e prepara, se o arado jaz inerte e se
o cultivador teme o serviço, a colheita será sempre desengano e necessidade,
acentuando o desânimo e a inquietação.
É importante nos unamos todos no lançamento dos princípios cristãos no santuário
doméstico.
Trazer as claridades da Boa Nova ao templo da família é aprimorar todos os
valores que a experiência terrestre nos pode oferecer.
Não bastará entronizar as relíquias materiais que se reportem ao Divino Mestre,
entre os adornos da edificação de pedra e cal, onde as almas se reúnem sob os
laços da comunidade ou da atração afetiva. É necessário plasmar o ensinamento de
Jesus na própria vida, adaptando-se-lhe o sentimento à beleza excelsa.
Evangelho no Lar é Cristo falando ao coração. Sustentando semelhante luz nas
igrejas vivas do lar, teremos a existência transformada na direção do Infinito
Bem.
O Céu, naturalmente, não nos reclama a sublimação de um dia para outro nem exige
de nós, de imediato, as atitudes espetaculares dos heróis.
O trabalho da evangelização é gradativo, paciente e perseverante. Quem recebe na
inteligência a gota de luz da Revelação Cristã, cada dia ou cada semana
transforma-se no entendimento e na ação, de maneira imperceptível.
Apaga-se nas almas felicitadas por essa bênção o fogo das paixões, e delas
desaparecem os pruridos da irritação inútil que lhe situa o pensamento nos
escuros resvaladouros do tempo perdido.
Enquanto isso ocorre, as criaturas despertam para a edificação espiritual com o
serviço por norma constante de fé e caridade, nas devoluções a que se afeiçoam,
de vez que compreendem, por fim, no Senhor, não apenas o amigo Sublime que
ampara e eleva, mas também o orientador que corrige e educa para a felicidade
real e para o bem verdadeiro.
Auxiliemos a plantação do cristianismo no santuário familiar, à luz da Doutrina
Espírita, se desejamos efetivamente a sociedade aperfeiçoada no amanhã.
Em verdade, no campo vasto do mundo as estradas se bifurcam, mas é no lar que
começam os fios dos destinos e nós sabemos que o homem na essência é o
legislador da própria existência e o dispensador da paz ou da desesperação, da
alegria ou da dor a si mesmo.
Apoiar semelhante realização, estendendo-se nos círculos das nossas amizades,
oferecendo-lhe o nosso concurso ativo, na obra de regeneração dos espíritos na
época atormentada que atravessamos, é obrigação que nos reaproximará do Mentor
Divino, que começou o seu apostolado na Terra, não somente entre os doutores de
Jerusalém, mas também nos júbilos caseiros da festa de Caná, quando,
simbolicamente, transformou a água em vinho na consagração da paz familiar.
Que a providência Divina nos fortaleça para prosseguirmos na tarefa de
reconstrução do lar sobre os alicerces do Cristo, nosso Mestre e Senhor, dentro
da qual cumpre-nos colaborar com as nossas melhores forças.
Bezerra de Menezes