Ouro e Caridade
O ouro de Tibério brilhava nas magnificências de Capri, mas, desapareceu na
bolsa de desapiedados legionários, que faziam da violência o roteiro do
despotismo.
A caridade de Cristo, sem ouro que lhe plasmasse a grandeza, até hoje, é a luz
que orienta o caminho das nações.
O ouro de Nero garantia o esplendor de Roma imperial, entretanto, a breve tempo,
converteu-se em perseguição e fogueira, incentivando a delinqüência e a
destruição.
A caridade dos apóstolos do Evangelho, sem ouro que lhes emoldurasse a
humildade, construiu a resistência de três séculos de martírio, nos quais os
ladinos da Boa Nova lastrearam, a preço de sangue e sacrifício, os alicerces da
fé cristã, que representa a mais alta conquista do mundo.
O ouro da corte de Luiz XIII era fastígio e poder, no centro da Europa, mas
recolheu-se, na retaguarda do progresso, à feição de poeira brilhante na pompa
gelada dos museus
A caridade de Vicente de Paulo, sem ouro que lhe estabilizasse o esquema de
serviço, ainda agora é clarão vigoroso e sublime, inspirando epopéias de bondade
e renúncia.
Sem dúvida, o ouro é criação do Senhor a serviço do homem, todavia, só o amor ao
próximo é suficientemente grande para gerar com ele a bênção do trabalho e a
riqueza da cultura, o socorro do entendimento e o tesouro do bem.
Não recuses o concurso do ouro digno que te visite as mãos, sem lagrimas do
sofrimento alheio, mas não te esqueças de ungi-lo no balsamo da compreensão e da
bondade, a fim de que estejamos aproveitando e prestigiando os empréstimos da
via, que nos são provisoriamente confiados pelo amor infinito de Deus.
Emmanuel