Perfeição Almejada
Vivemos uma cultura que frisa a perfeição, diz Leo Buscaglia, professor
universitário na Califórnia.
Em sua obra Vivendo, amando e aprendendo ele fala do drama dos pais que têm
filhos excepcionais.
Quando do nascimento de uma criança, quanto tempo se leva, desde o momento do
parto, para mostrar o bebê à mãe?
Muito pouco, se tudo está normal. Mas, toda vez que a criança apresenta algum
problema, os profissionais hesitam, demoram mais para mostrar o bebê.
Quando nasce uma criança incapacitada, uma espécie de tristeza pesa sobre o
hospital. Ora, esse tipo de comportamento diz para a mãe, logo de início, que
aconteceu alguma coisa. É o primeiro sintoma da rejeição que ela sente.
O medo toma conta dos pais. E também um sentimento de culpa. Será que fiz algo
errado, durante a gestação? - se pergunta a mãe.
Logo em seguida, o outro medo que toma conta dos pais é ao se indagarem: O que
será do meu filho, no futuro? Conseguirá um trabalho? Conseguirá aprender a ler?
É natural que todos desejem um filho perfeito. Não existe mãe no mundo que, ao
receber o bebezinho em seus braços, não conte de imediato os dedinhos dos pés e
das mãos, observe se está tudo certinho com o seu filho.
Pearl Buck escreveu um livro a respeito de sua experiência como mãe de uma filha
com retardo mental.
Instruída, sensível, ela levou sua filha a mais de cem profissionais. Viajou
pelo mundo. É como se ela procurasse alguém que pudesse reverter aquela
situação.
Então, encontrou quem fosse franco com ela e lhe dissesse: Olhe, a sua filha é
muito retardada, mas vamos fazer todo o possível por ela. Vamos ajudá-la a
aprender tudo o que puder. Mas pare de achar que ela vai ser um gênio.
Pare com isso e vamos trabalhar. Vamos fazer o melhor que pudermos por ela. Não
vamos estabelecer limites. Não vamos dizer que ela não pode aprender. Mas vamos
dedicar todas as nossas energias a fazer tudo o que pudermos. Vamos parar de
correr o mundo e nos concentrarmos em sua filha.
A partir desse momento, Pearl mudou de atitude e as coisas foram acontecendo.
Cada conquista, uma vitória. Cada vitória muito e muito comemorada.
Um filho excepcional é um desafio. Confiado por Deus aos nossos cuidados, todos
os dias nos convida a uma nova luta.
Quando ele nos olha, é como se indagasse: E hoje, o que você me ensinará? Vamos
aprender juntos?
Pensemos nisso. Afinal, se não temos um filho excepcional, podemos ter um
sobrinho, um amigo, um conhecido, alguém do nosso relacionamento.
Vamos investir nele o nosso amor.
Amemos os problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos. Cooperemos com
eles, com muita paciência e ternura, para que possam sair vitoriosos, ao termo
de sua jornada terrena.
Enchamo-nos de carinho, de paciência, de tranquilidade interior, vendo nesses
seres frágeis as joias abençoadas que o Pai nos confia para que as burilemos.
Momento Espírita