Caravana da Fraternidade

Amigos queridos
Permaneça conosco o Mestre de Nazaré.

Há 60 anos os espíritas, conscientes da sua responsabilidade, reunimo-nos para a tarefa de levar a proposta de unificação pelas terras do Nordeste e do Norte do Brasil.

Constituída a Caravana da Fraternidade não poupamos esforços para demonstrar que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus.

Esta ciência, que comprova a imortalidade da alma e a justiça divina, através do laboratório da mediunidade, tem por finalidade despertar as consciências adormecidas para a responsabilidade filosófica e ético-moral da vivência do Mestre Jesus no dia a dia da sua existência.

Quando, mais tarde, foi dissolvida a Caravana da Fraternidade, acreditamos aqueles que éramos seus membros, que o nosso compromisso com a unificação e a divulgação do Espiritismo havia sido encerrado. Ledo engano, porque, à medida que os seus membros fomos retornando à Pátria, logo demo-nos conta que aquele ensaio de unificação necessitava, essencialmente, de prosseguir com mais entusiasmo, com acendrado vigor e até mesmo com sacrifício.

E quando todos nos libertamos do corpo físico, reconstruímos a Caravana da Fraternidade, que vem sendo enriquecida pelos espíritas responsáveis, na Terra, pela divulgação do Espiritismo e pela união entre as instituições, unificando-as como unindo os indivíduos.

Vivemos os dias que nos testam as resistências morais, especialmente as que dizem respeito a vós outros no mergulho da névoa carnal, muitas vezes com dificuldade de discernir o que fazer, como fazer e onde fazê-lo.

Aqui estamos, os companheiros de sempre, para dizer-vos que o código do Evangelho de Jesus é o paradigma no qual temos todas as diretrizes de segurança e as metodologias mais eficazes para a vivência do Espiritismo de maneira eminentemente cristã.

É certo que, dentro da visão do Codificador, haveria desertores. Como em qualquer segmento da Sociedade, sempre sucedem as deserções dos Espíritos imaturos, dos homens e das mulheres interessados mais no procedimento da ilusão, das quimeras terrestres que o túmulo invariavelmente devora e propõe a realidade.

Mas apesar dessa lamentável ocorrência, os servidores fiéis estão a postos, denodados, enriquecidos pela responsabilidade de servir, de promoverem Jesus e Kardec, ao invés de autopromover-se.

Essa tese, defendida pelo Batista quando proclamava É necessário que eu diminua para que Ele cresça, está em vigência no Movimento Espírita da atualidade, em que o personalismo, as manifestações lamentáveis do egotismo, cedem lugar ao altruísmo cristão, desaparecendo o indivíduo para que Jesus reine, para que Ele triunfe.

O que vindes realizando é a demonstração cabal da consciência espírita, que por fim é assinalada e vivenciada em nossa Casa e no território nacional, expandindo-se nos inúmeros países que hoje agasalham o Consolador, e perspectivas felizes para o futuro, quando o Espiritismo se transforme no grande iluminador das religiões, oferecendo-lhes aquilo que lhes falta, que é exatamente a prova da sobrevivência do ser à disjunção molecular.

Prossegui, portanto, obreiros, na fé renovada.

Construí o Bem onde por momentos prolifera o Mal.

Drenar os pântanos, ao invés de amaldiçoá-los.

Transformai o solo sáfaro em jardim, mesmo que irrigado com lágrimas e suor.

Bem sabemos que a tarefa não é fácil, mas nada é fácil quando nos voltamos para a verdade, em razão das nossas heranças que nos amarram aos vícios e se manifestam como tendências perturbadoras.

O Senhor que nos protege vela por todos nós, e os vossos amigos espirituais, de pé, estamos a postos para que implantemos na Terra o Cristianismo puro, que somente vigeu durante os três primeiros séculos e depois foi vilipendiado.

Que aprendamos com essa lição a não repetir os enganos de outros, unindo-nos ao poder temporal mentiroso para recolhermos migalhas e perdermos o contato com a pulcritude da doutrina de verdade.

Desejamos agradecer aos amigos que em nossa memória agora aqui se encontram e traçam como metas para o futuro programas de dignificação humana neste Recanto que evoca a cátedra de Jesus em pleno coração da Natureza.

Muita paz, meus amigos, meus irmãos, e o carinho dos companheiros de lide que se encontram conosco nesta imensa Caravana da Fraternidade.

Vosso irmão e amigo,


Lins de Vasconcelos