Ele Veio
Que teria sido da Humanidade se o Celeste Amigo, enquanto no convívio das estrelas, entendesse que não lhe caberia vir ao chão do mundo para auxiliar-nos com a Sua vivência superior?
Que seria do gênero humano, caso o Bom Pastor tivesse renunciado a vinda ao planeta, por temer o poder discricionário do Império de Roma, capaz de soterrar sob os pés todo e qualquer opositor do seu regime político?
Como estaria a Terra, se o Mestre Nazareno houvesse desdenhado descer aos fluidos planetários por entender o quão difícil e perigoso seria o confronto com os vícios interpretativos e as mãos de ferro do sacerdócio de Israel?
O que teria ocorrido conosco, se o Rabi da Galiléia se houvesse esquivado de vir ao solo do mundo, por identificar a precária condição moral e intelectual dos seus habitantes, por saber das limitações gerais que caracterizavam o povo em cujo seio deveria nascer?
Entretanto, o Seu posicionamento alinhou a obediência aos desígnios celestes com a Sua piedade dirigida a todos nós. Vim para cumprir a vontade do meu Pai, dizia Ele, dedicado. Vim para que tenhais vida abundante, afirmou, pleno de amor.
Sem albergar em Si quaisquer temores, rompeu as densas brumas do psiquismo inferior do pequeno planeta e emboscou-Se num corpo carnal, para que mais de perto e bem percebido conseguisse mostrar-Se aos nossos olhos e fazer-Se sentir por nossas almas. Entregou-Se plenamente ao Seu ministério, e nos conclamou para que O seguíssemos, para que pudéssemos chegar ao Pai do Céu.
Não conseguimos fazer a mínima idéia do desfecho, diante dos questionamentos apresentados, uma vez que é de todo impossível conceber a vida no orbe terreno sem a presença fulgurante de Jesus Cristo.
É dever de todo o cristão, portanto, seja qual for a formalização de sua crença na Boa Nova, refletir sobre o papel do Cristo no seio da Humanidade, nos objetivos sublimados que O trouxeram à crosta terrestre, de modo a analisar melhor a própria conduta, verificando se se encontra ou não operando nos campos do Senhor, ou se sua rotulagem de fé está apenas servindo à identificação social do regime mitológico ao qual se aferra.
Nessa altura do tempo, quando mais do que em outras épocas, há sede de compreensão, de amor e de paz no mundo, o Celeste Benfeitor espera contar com a fidelidade operosa de todos os que se apóiam em Seu nome e em Seus ensinamentos, a fim de fundar no planeta os alicerces de um novo mundo, onde, em realidade, cada qual seja irmão do outro, para que sejam identificados como membros do rebanho do Bom Pastor.
É tempo de refletir sobre tais questões e não temer nada nem ninguém, conscientes de que, quando se estabelece contato de intimidade com Jesus, o coração pulsa no cérebro, repletando o saber de sentimento, enquanto que o cérebro baliza o coração, impedindo que sejam disparatados ou fanáticos os sentimentos humanos, e que se convertam razão e sentimento em instrumentos da renovação da alma terrena, propulsionando cada alma para o convívio mais próximo com o bem e para o estabelecimento da paz.
Somente quando a alma que se afirma cristã for capaz de vivenciar os necessários testemunhos, seja onde for ─ na rua, no trabalho, no lar ou no íntimo de si mesma ─ em prol do bem próprio e do bem comum, é que poderemos crer que ter-se-á implantado no planeta Terra as bases sólidas do Reino dos Céus, com o Espírito do Senhor habitando o cerne de cada criatura, forjando aí, então, as claridades de um novo e vigoroso Natal.
Camilo