Sombras Não

Não anotes na estrada
A pedra que te magoa,
Nem acalentes cicatrizes,
Detém-te a recordar na caminhada
O sol que te abençoa
E os encontros felizes.

Não contes no jardim dos próprios sonhos
Os espinhos da prova,
Se a sombra da tristeza ainda te alcança,
Lembra os dias risonhos
No ideal que te ampara e te renova
Em celeste esperança...

Não apontes brejais, esquecendo, de todo,
A tentação que arrasa, a injúria que devora,
Nos pântanos que viste,
Soma as flores colhidas sobre o lodo,
Que induzam a ver, jornada afora,
A grandeza de tudo quanto existe!...

Enumera o tempo, a transformar-te,
Os dons do amor na imperfeição vencida
Os tesouros do bem que te conduz...
E encontrarás Deus, em toda parte,
A burilar-te o ser para a glória da vida
Arrancando-te à treva e impelindo-te à Luz!...


Iveta Ribeiro