Essa Migalha
No reino de teu lar em paz celeste,
Repara quantas sobras de fartura!...
O pão dormido que ninguém procura,
O trapo humilde que não mais se veste...
Do que gastaste, tudo quanto reste,
Arrebata o melhor à varredura;
E socorre a aflição e a desventura
Que respiram gemendo em noite agreste!...
Teu gesto amigo florirá perfume,
Bênção, consolo, providência e lume
Na multidão que segue ao desalinho...
E quando o mundo te não mais conforte,
Essa leve migalha, além da morte,
Fulgirá como estrela em teu caminho.
Auta de Souza