Santidade de superfície
Muitos companheiros da convicção espírita costumam afirmar que:
Estão imbuídos de fé ardente, mas os inquisidores do passado que acendiam
fogueiras pela imposição do "crê ou morre também a possuíam";
Cultivam ilimitada cautela para não tombarem no erro, mas todos os religiosos
que desertam da luta humana alegam prevenção contra o pecado para fugirem das
obrigações sociais;
Adotam a tolerância invariável para com tudo, de modo a estarem completamente
bem com todos, mas ao que nos parece, a História indica que o iniciador do
comodismo perfeito, na edificação cristã, foi Pilatos, o juiz, que preferiu não
examinar a grandeza de Jesus, a fim de não ter, nem sofrer problemas;
Agem unicamente sob o móvel das boas intenções e que, por isso mesmo, não
concordam com disciplina de método na prestação da caridade, mas todos os que
complicam as vidas alheias, a pretexto de fazerem o bem, na hora do desastre,
asseveram chorando que se achavam impelidos pelos mais puros intentos;
Obedecem apenas aos impulsos do coração, mas os penitenciários, quando
inquiridos sobre a motivação das faltas que o fizeram cair na criminalidade,
esclarecem, de modo geral, que atenderam tão-só aos ditames do sentimento;
Consideram, de maneira exclusiva, o burilamento do cérebro, mas do ponto de
vista da inteligência hipertrofiada no orgulho, todos os promotores de guerra,
formaram e ainda formam entre as cabeças mais cultas da Humanidade;
Os companheiros da seara espírita, no entanto, sabem com Allan Kardec que o
espírita é chamado a usar confiança e zelo, indulgência e bondade, pensamento e
emoção, aliando equilíbrio e fé raciocinada, na base da reforma íntima, com
serviço incessante aos outros.
Por esse motivo, efetuando a própria libertação dos semelhantes das cadeias
mentais forjadas na Terra em nome da santidade de superfície, o espírita
verdadeiro é conhecido por seu devotamento ao bem de todas as criaturas, e pela
coragem com que dá testemunho da sua transformação moral.
André Luiz