Esconjuro
“Espantemos a ignorância com o Espiritismo, neste mundo e no outro.”
Depois de morto, o Tonho Fazendeiro,
Ricaço do Varjão de Tapiruva,
Deu de morar num galho de criúva
E assombrar as galinhas do terreiro.
Roncava ser grandão e manda-chuva,
Xingava e gargalhava o dia inteiro.
Queria terra e sacos de dinheiro,
A debochar das preces da viúva.
Certa noite surgiu sobre o sarilho
O espírito do pai que disse: - “Filho,
Deus te abençoe, meu filho, meu Antônio!”
Mas Nhô Tonho correu pulando um muro,
Berrou que nem cabrito: - “Te esconjuro!”
Pensando que o pai dele era o demônio...
“Quem foge ao mar não se afoga”,
Repete o povo onde vais,
Contudo, quem não se arrisca
Nunca se afasta do cais.
Dinheiro e palha – um só peso
Pelo prumo da balança,
Mas dinheiro com bondade
Renova a luz da esperança.
Não há noite tão profunda
De tentação ou pesar,
Que o pensamento na prece
Não consiga iluminar.
Cornélio Pires