Das Mães que Já Partiram ...
O coração das mães não descansam, além da morte. Impossível
que o túmulo nos roubasse o tesouro dos afetos. Seguimos, de perto, as
preocupações e trabalhos de todos aqueles que respiram no círculo de nosso amor.
Aquele carinho e aquela santificada alegria que nos uniram uns aos outros, na
Terra, permanecem cada vez mais vivos, dentro de nossa alma. A ventura maternal
está representada na posse do amor dos filhos, que constituem a sua razão de
ser. As mães nunca morrem. Não acreditem que os desencarnados estejam fora das
alfinetadas que o mundo impõe às almas.
Enquanto a vida nos retém no corpo físico, mormente nós, as mães, anelamos para
os nossos rebentos as melhores posições materiais, entretanto, cedo a morte nos
ensina que a luz não brilha na ilusão. Quando os nossos filhos, na Terra, se
fazem gente grande e livre, permanecemos mais a sós, conosco vivendo as
reminiscências e esperanças. Nossa alma, de volta ao passado, surpreende, na
senda percorrida, os quadros que desejaríamos conservar inalterados. Aqui é um
trecho da terra a falar mais particularmente ao coração, ali é uma voz de
criança que ainda ressoa, nítida e cristalina, aos nossos ouvidos. Entretanto, é
imprescindível tudo deixar, a fim de atingir a praia distante da purificação.
Nós, as mães, muitas vezes, somos como a hera, agarrada às paredes da vida. O
amor compele-nos à imantação com numerosas almas que, no fundo, precisam
caminhar por si mesmas. Quantas de nós são obrigadas a sofrer, anos e anos, além
da morte física, no santo aprendizado do esquecimento? Acompanhamos nossos
filhos como a sombra segue o corpo, contudo, não conseguimos atingir o nosso
ideal de sentidos em plena harmonia conosco, porque realmente cada alma evolui
no plano que lhe é próprio. Somos peregrinas, batendo à porta de variados
corações, deles esmolando a alegria da compreensão e do auxílio. As vezes,
choramos em lhes observando a juvenilidade espiritual, mas, na qualidade de
mães, confiamos e esperamos. Quando a fonte se nega a irrigar a terra pobre, a
breve tempo, reconhecemos o deserto diante de nós. Se abandonamos a planta menos
protegida à visita dos vermes, a devastação das plantas e das raízes não se fará
esperar.” E finalmente: “Ainda que as lágrimas sejam o nosso pão de cada dia,
não podemos alterar nosso velho roteiro. Avancemos, pois, mesmo assim.”
Agora, amados filhos de mães estelares, que sabeis dos seus anseios, dores e
alegrias, procurai, através da paciência e da oração, transformar as dores da
saudade materna num tributo de amor sem fim àquelas que, em qualquer plano
espiritual que se encontrem, amam, na profundeza de seus corações, aos seus
filhos, pela eternidade.
Maria Augusta