Paterno Amor

Na frente, a maca envolve um corpo em malha fina.
O Professor verbera e grande turma o escuta.
Ele clama sincero: “O tóxico domina!...
A cocaína aumenta em propaganda astuta!...”

Designando a maca, ei-lo que discrimina:
- “Viemos à Policia, em nossa intensa luta,
Ver de perto a infeliz criança prostituta,
Que ontem morreu drogada, às portas de uma esquina!...”

O Professor descobre o corpo nu da morta,
Solta um brado de horror que os ares, longe, corta
Cai, em pranto, a gritar na dor em que se humilha: 

- “Filha do coração, meu amor, minha prenda!...
Quem te fez tanto mal? Julguei-te na fazenda...
Piedade, meu Deus!... Sou pai... Ah!... minha filha!...


Casimiro Cunha