Caridade e Dever
Troquemos, de quando em quando,os grandes conceitos da caridade pelos atos
miúdos que lhe confirmem a existência.
Não apenas os feitos de elevado alcance e os gestos heróicos dignos da imprensa.
Beneficência no cotidiano, Obra assistencial de cada um.
Calar o momento indiscreto.
Não empurrar os outros na condução coletiva.
Evitar os serviços de última hora, nas instituições de qualquer espécie,
aliviando companheiros que precisam do ônibus em horário certo para o retorno à
família.
Reprimir o impulso de irritação e falar normalmente com as pessoas que nada têm
a ver com os nossos problemas.
Aturar sem tiques de impaciência a conversação do amigo que ainda não aprendeu a
sintetizar.
Ouvir, qual se fosse pela primeira vez, um caso recontado pelo vizinho em lapso
de memória.
Poupar o trabalho de auxiliares e cooperadores, organizando anotações prévias de
encomendas e tarefas por fazer, para que não se convertam em andarilhos por
nossa conta.
Desistir de reclamações descabidas diante de colaboradores que não têm culpa das
questões que nos induzem à pressa, nas organização de cujo apoio necessitamos.
Pagar sem delonga o motorista ou a lavadeira, o armazém ou a farmácia que nos
resolvem as necessidades, sem a menor obrigação de nos prestarem auxílio.
Respeitar o direito do próximo sem exigir de ninguém virtudes que não possuímos
ou benefícios que não fazemos.
Todos pregamos reformas salvadoras.
Guardemos bastante prudência para não nos fixarmos inutilmente nos dísticos de
fachada.
Edificação social, no fundo, é caridade e caridade vem de dentro. Façamos uns
aos outros a caridade de cumprir o próprio dever.
André Luiz