O Momento de Deus
Passará, talvez desapercebido para nós, contudo, ele existe no tempo, o momento de Deus.
Esfalfamo-nos, bastas vezes, transfigurando os valores da atenção nos desperdícios da inquietação, diligenciando impor a fé religiosa naqueles que amamos, esquecidos de que o Criador lhes consagra mais amor que nós mesmos.
Deus espera. Por que desanimar, de nossa parte, quando a edificação espiritual se nos afigura tardia?
Com isso, não desejamos dizer que somente nos resta abandonar ao vento da provação aqueles entes queridos para os quais aspiramos o entendimento maior. Reflitamos que se a Divina Providência no-los confiou, decerto assim procedeu, através das pessoas e circunstâncias que nos rodeiam, aguardando algo de nossa cooperação no amparo a eles.
Em tempo algum, ser-nos-á lícito relegar para Deus as obrigações que nos competem, o que nos constrange igualmente a verificar que existe a "parte de Deus" em cada realização, cujo âmbito nos é defeso à qualquer exigência.
Não conseguimos antepor-mos, de maneira alguma, ao momento de Deus e nem fazer o que lhe cabe realizar, todavia, somos convidados a preparar-lhe as condições adequadas ao surgimento vitorioso.
À medida que se nos intensifica a madureza de espírito, categorizamo-nos à conta de semeadores nas almas.
Nesse sentido, recordemos os cultivadores da gleba que sustentam a civilização e asseguram a vida. Nenhum deles, por mais sábio, logra desentranhar com as próprias mãos, os princípios da semente, cujo embrião possui um instante próprio a fim de desacolchetar envoltórios e desabrochar à plena luz.
Ainda assim, patrocinam a exatidão da leira, administram adubos, dosam a rega, garantem a defesa da planta e efetuam enxertias, quando enxertias se façam necessárias ao rendimento da produção.
Se há imperscrutável serviço divino na intimidade dos processos da natureza, há inadiável serviço do homem na esfera da natureza para que a natureza corresponda intensamente ao toque divino.
Os estatutos da Criação não permitem à criatura relegar para o Criador a obrigação que lhe compete.
Ama, pois, teus pais, filhos, irmãos, amigos e companheiros tais quais são por agora, sem te esqueceres de ajudá-los com simpatia, cooperação, fraternidade e bons exemplos, a se exprimirem por valioso auxílio prévio.
Trabalha e prepara com eles e junto deles o futuro melhor, na convicção de que, em matéria de compreensão e penetração nos reinos do espírito, os mais elevados anseios humanos são compelidos a esperar pelo momento de Deus.
André Luiz