O Julgamento em Nós Mesmos
Pousando a destra sobre a minha fronte, continuou, com nobreza e sinceridade:
- Jacob, fez bem anunciando as próprias faltas neste plenário fraterno!
A Infinita Sabedoria instala tribunais para julgar aqueles que não a conhecem, porque a ignorância reclama lições, às vezes rudes, dos planos exteriores, mas os filhos do conhecimento santificante condenam ou salvam a si mesmos.
Os surdos voluntários exigem fenômenos ruidosos, no terreno da expiação, para que se lhes desenvolva a acústica; e os cegos desse jaez pedem medidas espetaculares, nos círculos da dor, a fim de que se lhes dilate a visão...
Para nós, porém, que aceitamos a graça da Revelação Divina, semelhantes providências se fazem inúteis.
A própria consciência lavra em nós irrevogáveis arestos.
Somos o fruto de nossa sementeira.
Erramos e acertamos, aprendendo, corrigindo e aprimorando sempre, até à conquista do Supremo Equilíbrio.
Não te prendas, pois, às sombras destrutivas do remorso ou da queixa.
Quem terá passado incólume nos precipícios das paixões humanas, senão o Mestre Amado e Senhor Nosso? Que aprendiz terá alcançado todos os ensinamentos de uma só vez?
Acalma o coração de discípulo e concentra as tuas esperanças nos dias abençoados do futuro!
A morte para todos nós, que ainda não atingimos os mais altos padrões de Humanidade, é uma pausa bendita na qual é possível abrir-nos à prosperidade nos princípios mais nobres. Entesouraremos aqui para distribuir mais tarde bênçãos de vida imortal nas obscuras esferas da reencarnação. Respiraremos agora a harmonia e a paz a que fomos arrebatados, a fim de conduzirmos, depois, o seu sublime estandarte entre os companheiros que, ainda presos à carne, dormem nas trevas da discórdia e da ilusão.
Somos células da humanidade militante em busca da Humanidade redimida.
Herdeiros de muitos séculos de experiência carnal, é impraticável a definitiva ascensão dum dia para outro.
É indispensável planejar o bem e realizá-lo, semear a felicidade e colhê-la, à custa de trabalho pessoal no suor e no sacrifício.
Descerra o pensamento ao orvalho do bom ânimo!
Não te detenhas na aflição vazia!
Regressaremos à escola da aplicação, na carne distante, e faz-se preciso amealhar energias novas para as recapitulações imprescindíveis...
Irmão Jacob