As Previsões Para o Ano de 2003 e Seguintes...
À primeira vista, parece um pouco estranho, um astrofísico,
especular sobre “Previsões astrológicas...”. O que nos leva a tal atitude? Agora
que Dezembro e Janeiro já passaram, meses por excelência para a astrologia,
iremos abordar este tema com rigor científico.
Quando estudantes, na belíssima cidade do Porto, existia um programa patrocinado
pelo governo, promovendo a divulgação na área do conhecimento científico. Vários
universitários encontravam-se com os telescópios em diferentes pontos do país.
Os portuenses aproximavam-se e perguntavam-nos coisas sobre o seu futuro:
“amor”, “dinheiro” e “saúde”. Começa aqui, o nosso contato de terceiro grau com
a astrologia, todavia, esta saga perdura até aos dias de hoje, em pleno século
XXI.
• No mundo mitológico
Há cinco mil anos, quando os homens começaram a registar o movimento dos astros,
o firmamento estava ainda povoado por deuses e demônios. Os céus eram
responsáveis pela miséria e pela prosperidade, pelo dilúvio e pela calmaria,
pelo desvario da luta e pela sorte na caça. Os primeiros astrônomos viviam num
mundo infestado de deuses, demônios, monstros e heróis.
• Calendário origina os signos
Ao organizarem o seu calendário, os babilônios, tal como muitos outros povos,
basearam-se no ciclo anual das estações. Ora, a posição do Sol no fundo estelar
demora cerca de 365 dias e um quarto a perfazer uma rotação completa, num ciclo
que é chamado ano sideral. Entretanto, a Lua demora cerca de 29 dias e meio a
regressar à mesma fase, num ciclo chamado lunação ou mês sinódico. Num ano solar
cabem pois 12 meses lunares, embora fiquem de fora cerca de 11 dias, o que
sempre constituiu uma complicação para os calendários. É esta coincidência
aproximada que levou à divisão do ano em doze meses e à criação dos aparentes
doze signos do zodíaco.
• Constelações
Os babilônios foram os primeiros a dividir em doze partes a banda celeste por
onde o Sol passa no seu movimento aparente, dando a cada uma dessas partes o
nome de uma constelação. No fundo são linhas imaginárias que ligam grupos de
estrelas visíveis, e, exclusivamente, fruto da imaginação humana, deu lugar a
figuras animais e mitológicas. Às constelações que estão no caminho do Sol
deu-se o nome de signos. São os doze signos do zodíaco.
• Zodíaco e as treze constelações
A palavra "zodíaco" chegou-nos pelo grego "zoidiakos", adjectivo usado na
expressão "zoidiakos kuklos", que designava o "círculo de animais" com que se
representavam as constelações. O Sol, a Lua e os planetas parecem todos mover-se
na banda do zodíaco. Na realidade, são os planetas que rodam em torno do Sol.
Mas rodam todos perto de um mesmo plano, pelo que nos parece que é o Sol que se
movimenta no mesmo arco que a Lua e os planetas. Na verdade, o Zodíaco tem treze
constelações, criando assim o Zodíaco perfeito e exato sobre a Eclíptica.
• Queda irreversível da astrologia
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu nos séculos XVI e XVII.
Galileu matou a astrologia. Newton, Kepler e Hubble, enterraram-na
definitivamente. A comunidade científica, alerta, assim, para um dos maiores
equívocos da humanidade. Corrobora o sábio lionês: “(...) A Astrologia se
apoiava na posição e no movimento dos astros, que ela estudara; mas, na
ignorância das verdadeiras leis que regem o mecanismo do Universo, os astros
eram, para o vulgo, seres misteriosos, aos quais a superstição atribuía uma
influência moral e um sentido revelador. Quando Galileu, Newton e Kepler
tornaram conhecidas essas leis, quando o telescópio rasgou o véu e mergulhou nas
profundezas do espaço um olhar que algumas criaturas acharam indiscreto, os
planetas apareceram como simples mundos semelhantes ao nosso e todo o castelo do
maravilhoso desmoronou.(...) Confundi-las é provar que de nenhuma se sabe
patavina”1.
• Kardec e a “Precessão”
Quando os antigos marcaram o trajeto do Sol contra o fundo estelar, o eixo de
rotação da Terra tinha uma inclinação diferente da que tem hoje. Essa inclinação
tem vindo a mudar, de acordo com um ciclo de cerca de 26 mil anos chamado ciclo
de precessão. Assim, por exemplo, o início da Primavera no Hemisfério Norte,
marcado pelo equinócio vernal (Março), coincidia antigamente com a passagem do
Sol pela constelação Carneiro – Áries em latim. A precessão fez com que o início
da Primavera já não encontre o Sol nessa constelação, mas a astrologia, não teve
em conta essa defasagem. Contudo, o professor francês volta a esclarecer; “A
precessão dos equinócios ocasiona outra mudança: a que se opera na posição dos
signos do zodíaco. Girando a Terra ao derredor do Sol em um ano, à medida que
ela avança, o Sol, cada mês, se encontra diante de uma constelação. (...) São
chamadas constelações zodiacais, ou signos do zodíaco, e formam um círculo no
plano do equador terrestre. Conforme o mês do nascimento de um indivíduo
dizia-se que ele nascera sob tal ou tal signo; daí os prognósticos da
Astrologia. Mas, em virtude da precessão dos equinócios, acontece que os meses
já não correspondem às mesmas constelações. Um que nasça no mês de Julho já não
está no signo do Leão, porém no do Câncer. Cai assim a idéia supersticiosa da
influência dos signos”2.
• Signos trocados: tudo está errado
Quem acredita que é Carneiro, Leão ou Touro está muito bem enganado. Um
indivíduo que nasceu na primeira semana de Maio, segundo a astrologia, é Touro,
pois nessa altura do ano, o Sol deverá estar no céu na direção dessa
constelação. No entanto, sabemos que não é bem assim. Em Maio, o Sol está em
Carneiro e não em Touro, o que significa que quem pensava que era Touro nunca
foi Touro. Na verdade, desde que nasceu sempre foi um Carneiro. Atualmente, as
pessoas nascidas entre 21 de Março e 20 de Abril pertencem ao signo astrológico
de Carneiro, mas o Sol encontra-se nessa altura na constelação Peixes. O mesmo
se passa com todos os signos. Isto significa que o Sol já não está na direção
das mesmas constelações do zodíaco em que estava há três mil anos atrás.
Portanto, os signos mudam com o passar do tempo. Tudo isto, porque a astrologia
viola todas as leis da astrofísica.
• Sol: desmascara a astrologia
E o signo do Ofiúco, onde o Sol passa nas primeiras duas semanas de Dezembro? O
que dizer dele? Sagitarianos, lamentamos informar mas o vosso “signo” seria
Ofiúco. Já ouviram falar dele!? Falar de Ofiúco tem vários aspectos, pois
encontra aqui o mito que simboliza o médico Esculápio, o filho de Apolo que
aprendeu com o centauro Quiron a arte de curar os doentes; a constelação que
deixa a astrologia perfeitamente baralhada. De 1 a 18 de Dezembro, o Sol passa
por este “signo” e a astrologia nem se lhe refere. Mas, Ofiúco vinga-se e leva
os seus “nativos” mais lógicos e racionais a quererem saber o porquê desta
discrepância.
• Quiron: aniquila a astrologia
Quiron é um objeto de dimensão simples e tem semelhanças com um cometa e com um
asteróide. Como lhe foi dado um nome mitológico que significa “o mais esperto
dos centauros” que curavam, entrou de imediato, para as cartas astrológicas.
Sabendo nós, que esse modesto corpo pertence a uma família até à data, composta
por 63 irmãos. Todos eles oriundos da Cintura de Kuiper que tem mais de 35.000
objetos de mais de 100Km de diâmetro. Não deveria a astrologia colocar em suas
cartas os 63 irmãos de Quiron e mais os seus 35.000 primos diretos da Cintura de
Kuiper, como influentes na vidas das pessoas? Isto para não falar nos bilhões de
cometas, todos primos em 2o grau. Se Quiron tivesse sido descoberto por um
astrônomo japonês ou indiano e se esses lhes dessem o nome da sua própria
mitologia japonesa ou indiana, jamais entraria para a astrologia, como um astro
de importância capital, na influência do ser humano.
• Kardec e a Astrofísica: “As constelações não existem”
As constelações na verdade não existem. São apenas figuras que imaginamos no céu
para o ordenar melhor. Os antigos viam nelas significados astrológicos e lendas
fantásticas, mas elas não passam de desenhos no céu convencionados por nós ao
longo do tempo. Mas vejamos o que o cientista francês, Allan Kardec, nos dizia a
respeito há quase 150 anos de forma irrepreensível; “(..) As estrelas deixaram
de estar confinadas numa zona da esfera celeste, para estarem irregularmente
disseminadas pelo espaço sem limites, encontrando-se a distâncias
incomensuráveis umas das outras as que parecem tocar-se, sendo as aparentemente
menores as mais afastadas de nós e as maiores e nos estão mais perto, porém,
ainda assim, a centenas de bilhões de léguas. Os grupos que tomaram o nome de
constelações mais não são do que agregados aparentes, causados pela distância;
suas figuras não passam de efeitos de perspectiva, como as que as luzes
espalhadas por uma vasta planície, ou as árvores de uma floresta formam, aos
olhos de quem as observa colocado num ponto fixo. Na realidade, porém, tais
agrupamentos não existem. Se nos pudéssemos transportar para a reunião de uma
dessas constelações, à medida que nos aproximássemos dela, a sua forma se
desmancharia e novos grupos se nos desenhariam à vista. Ora, não existindo esses
agrupamentos senão na aparência, é ilusória a significação que uma supersticiosa
crença vulgar lhe atribui e somente na imaginação pode existir. Para se
distinguirem as constelações, deram-se-lhes nomes como estes: Leão, Touro,
Gêmeos, Virgem, Balança, Capricórnio, Câncer, Órion, Hércules, Grande Ursa ou
Carro de David, Pequena Ursa, Lira, etc., e, para representá-las,
atribuíram-se-lhes as formas que esses nomes lembram, fantasiosas em sua maioria
e, em nenhum caso, guardando qualquer relação com os grupos de estrelas assim
chamados. Fora, pois, inútil procurar no céu tais formas. A crença na influência
das constelações, sobretudo das que constituem os doze signos do zodíaco,
proveio da idéia ligada aos nomes que elas trazem. Se à que se chama leão fosse
dado o nome de asno ou de ovelha, certamente lhe teriam atribuído outra
influência”3.
• E uma astrologia dos buracos negros, quasares, pulsares, anãs brancas...
Sabemos também que o Sol, a Lua e os planetas são os astros dominantes na
astrologia, mas por que não uma astrologia dos buracos negros, dos quasares, dos
pulsares, das anãs brancas, dos cometas, dos asteróides Terra-próximos... São
também astros que estão no espaço. Um Quasar dá-nos mais energia que 100
Galáxias combinadas. Será que esta energia portentosa não tem influência para a
astrologia? E uma astrologia da matéria e energia escura que constituem 90 a 95%
o nosso Universo?
• …e das dezenas de luas do nosso Sistema Solar...
E por que não uma astrologia que tenha em conta a posição dos satélites
Ganimedes à volta de Júpiter e das suas restantes 39 luas ou de Titã à volta de
Saturno e das suas restantes 29 luas, que são corpos maiores do que Mercúrio ou
Plutão e que não entram nas cartas astrológicas? Plutão, além de ser o planeta
mais longínquo, como é possível ter ele uma extraordinária influência para a
astrologia se 7 dos satélites do nosso Sistema Solar, sendo maiores que Plutão,
tendo mais massa e estando mais perto, logo, maior seria a influência para o ser
humano, por que não são considerados pela astrologia?
• …e das Interações Fundamentais e de Partículas Subatômicas...!?
A Interação Gravítica não influi para a astrologia. No entanto, como espíritas,
sabemos que exerce influência sobre nosso Perispírito. Por que, as outras três
Interações Fundamentais do Universo e de nossa Vida também não têm qualquer
relevância? E as leis de Kepler e as da mecânica quântica, onde estão na
astrologia? E as partículas e antipartículas que constituem e interagem no nosso
Universo como quarks, gravitões, bosões, neutrinos, leptões, mesões; por que são
ignoradas pela astrologia?
• De uma vez por todas…
Sobre a astrologia já tudo foi dito e redito. De que não funciona, de que não
tem qualquer fundamento científico. Totalmente baseada em figuras imaginadas e
na mitologia. O dicionário Aurélio inclui uma acepção geral que descreve a
astrologia como conjunto de mitos de um povo, de uma civilização, de uma
religião e uma acepção mais estrita define-a como História fabulosa dos deuses,
semideuses e heróis da Antiguidade greco-romana. Cabe-nos, desmistificar essa
exploração emocional que assola a civilização ocidental.
Concluímos com o professor francês, Hippolyte Rivail: “Não é preciso perguntar
ao Espiritismo o que ele pode dar, e nem nele procurar além do seu objetivo
providencial. Antes dos progressos sérios da Astronomia, acreditava-se na
Astrologia. Seria razoável pretender que a Astronomia de nada serve porque não
se pode mais encontrar na influência dos astros o prognóstico do futuro? Da
mesma forma que a Astronomia destronou os astrólogos, o Espiritismo destronou os
adivinhos, os feiticeiros e os ledores de sorte. Ele é para a magia o que a
Astronomia é para a Astrologia, a Química para a Alquimia”4.
Luis de Almeida