Visão dos Espaços

Vastidões de beleza intraduzível,
Fulgurações entre cósmicos flagelos,
Ideações de fúlgidos castelos
Onde mora a beleza indefinível.

Ansiedades trágicas, supremas,
Na formação das grandes nebulosas...
Transubstanciações misteriosas
Gerando os organismos dos sistemas.

Focos de potentíssima atração
As moléculas e átomos dispersos,
Nos elementos de elaboração
De grandiosos e lindos universos.

Luminosas esteiras de cometas,
Formosos em elipses prolongadas,
Graciosas figuras de planetas
Emergindo das cósmicas camadas.

Meteoros celestes, deslumbrantes,
Nas excelsas alturas transcendentes,
Onde vibram os sóis incandescentes,
Asteróides e estrelas fulgurantes.

Intensidade bela de harmonia
Que agora sinto, vejo e que percebo,
Grandiosidades do que não concebo
Nos apogeus das hiperestesias.

E, sobretudo, emanam das esferas
Os equilíbrios das imensidades,
O eterno canto de sublimidades,
Clarões de luzes nas atmosferas...

Sobre todas as coisas assombrosas,
Fluídos e criações de pensamentos,
Todas as maravilhas e portentos,
Há uma luz entre as luzes mais radiosas.

É o clarão poderoso, indestrutível,
Que vem das profundezas do passado
A luz de Deus, à força do incriado
Na exteriorização indescritível.


Augusto dos Anjos