Alicerces da Obsessão
Imagine alguém que queira impor sua maneira de ser ou viver a
determinada pessoa de seu relacionamento. Usando pressão psicológica, emocional
ou constrangendo outro alguém a agir e pensar pela “sua cabeça”, passa a
determinar comportamentos, a tentar dominar a vontade, infelicitando o
relacionamento.
Pois bem, isto é obsessão, que significa uma importunação constante, idéia fixa
sugerida e aceita, pressão constrangedora de uma sobre outra pessoa. Ocorre
entre os seres humanos, normalmente em conflitos de quem deve e quem quer
receber. E isto não é exclusivo a dívidas monetárias e pode ocorrer também por
implicância pessoal ou egoísmo, ciúme, orgulho, vingança e muitas vezes sem que
a vítima deva mesmo algo ao seu algoz.
Sendo fruto dos relacionamentos marcados pela imaturidade ou por reflexos das
causas citadas na última frase do parágrafo anterior, a obsessão também ocorre
vinda dos espíritos (seres que já deixaram o planeta pelo chamado fenômeno da
morte biológica), que continuam a viver com suas conquistas morais e
intelectuais, mas também com suas angústias e sentimentos menos dignos, a serem
futuramente extirpados. Como também ocorre entre eles, mas este é assunto para
outro dia.
Seja por vingança, sintonia moral não elevada ou mero capricho advindo do
egoísmo e da inveja, a obsessão instala-se na mente humana por invigilância
desta. É a única visita ou companhia indesejável que só mantemos conosco por
nossa única e exclusiva permissão. Abrimos-lhes as portas mentais pelo desânimo,
o medo, a vingança, o ciúme ou a inveja (notem que são os mesmos sentimentos
alimentados pela vítima), mantemos sua companhia pela permanência na mesma
postura e despedimo-la quando resolvemos por mudar o comportamento para a
retidão moral.
Toda a estrutura da obsessão está baseada na sintonia mental. Pensando e agindo
no bem estaremos protegidos e imunes à sua influência. Para isso basta pensar
que somos criaturas livres e responsáveis e não devemos nos permitir
constrangimentos por quem quer que seja, sejam seres humanos ou espíritos. E
isto pede condutas que não gerem arrependimentos, remorsos ou dívidas morais.
Portanto, é mera questão de retidão moral.
Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec desenvolve capítulo específico sobre o
assunto. Breve estudo ao referido livro trará muitas informações ao leitor
interessado.
Orson Carrara