Livros
Viviam os homens acomodados à floresta, quais símios ferozes, renhindo as unhas sanguinolentas. Ergueram-se os primeiros livros de pedra, sugerindo a organização, e a barbárie passou a ser combatida.
Eram atormentados que a fome retinha em conflito incessante. Apareceram os livros de agricultura e transporte, consumindo gradativamente o flagelo.
Caíam vitimados, sem remissão, por epidemias vorazes. Os livros de medicina afloraram, vitoriosos, no mundo, e a peste foi suprimida.
Refugiavam-se em malocas humilhantes, pelo empirismo que lhes entorpecia a cabeça. Vieram os livros da indústria e usaram as mãos com inteligência e habilidade.
Sofriam atraso no entendimento recíproco. Desdobraram-se os livros de alfabetização e a escola dissipou a noite da ignorância.
Distanciavam-se uns dos outros. Formaram-se livros propagando o intercâmbio, e o consórcio mundial destruiu o insulamento.
Cultivavam a escravidão entre si, reduzindo os semelhantes à condição das bestas de carga. Multiplicaram-se os livros da justiça e o cativeiro foi abolido.
Mantinham a mulher na categoria dos animais. Espalharam-se os livros da compreensão fraterna e a mulher renteou com eles no direito de escolher o próprio caminho.
Respiravam absolutamente chumbados ao solo. Divulgaram-se os livros da navegação aérea e principiaram a conquista do espaço.
Compreendendo, porém, que os livros da libertação exterior não conseguiriam quebrar as algemas das paixões subalternas que encadeiam as criaturas nas trevas da alma, trouxe-lhes Jesus, em pessoa, o código da libertação íntima, com os livros do Evangelho, instituindo o reino de Deus em cada coração.
Ainda assim, os homens criaram facções e grupos, seitas e círculos, preconceitos e ilusões, nos quais, apesar dos séculos transcorridos, continuaram acalentando a guerra fria e quente, declarada e oculta do egoísmo e da vaidade, da opressão e do orgulho, da crueldade e da usura, do crime e da violência, da rebelião e do vício, muitas vezes em nome do próprio Cristo. Surgiram, então, na Terra, os livros da Doutrina Espírita, revivendo o pensamento libertador do Mestre Divino, consolando e instruindo, com a exaltação do amor puro e com a fé raciocinada, demonstrando a reencarnação por instituto imprescindível do progresso e ensinando que a alma, em qualquer posição, é responsável pelos próprios destinos...
Como é fácil de observar, os livros nobres são, em todos os tempos, as forças renovadoras e educativas da Humanidade; no entanto, é imperioso reconhecer que sustentar hoje a expansão e a dignidade do livro espírita é iluminar o espírito humano, em plenitude de felicidade e emancipação, para sempre.
Meimei