Homem da Terra
Na sombra abjeta e espessa das estradas,
Vive o homem da Terra adormecido,
No horrendo pesadelo de um vencido
Entre milhões de células cansadas.
Prantos sinistros! Loucas gargalhadas,
Pavorosos esgares de gemido,
E lá vai o fantasma embrutecido
Pelas sombras de lôbregas jornadas.
Homem da Terra! Trágico segredo
De Miséria, de Horror, de Ânsia e de Medo,
Feito à noite de enigma profundo!...
Anjo da Sombra, mísero e perverso,
És o sentenciado do Universo
Na grade organogênica do mundo.
Augusto dos Anjos