Otimismo e Pessimismo
De um modo geral não existe meio termo: ou somos otimistas ou
pessimistas, isto é, quem é otimista não é pessimista, e o pessimista não pode
ser considerado otimista.
A forte tendência humana é, indiscutivelmente, pela segunda condição moral,
sujeitos que nos encontramos às dores multifárias, aos problemas de mil faces.
Elas assomam com todo vigor e parece impossível suportá-las. Dominam de forma
invariável nossos órgãos e músculos do corpo somático. É um verdadeiro desastre!
Com bastante facilidade registramos dificuldades e provações, enquanto nossos
olhos lacrimejantes observam os que passam sorrindo, exibindo saúde, poder,
beleza física. Para o pessimista, no mundo das realizações comerciais são estes
os triunfadores; esses, de semblantes sempre alegres, vivem disputando a
primazia no fogo enganoso das altas posições políticas; aqueles, os
conquistadores dos títulos invejáveis; aqueloutros, os requisitados para feitos
memoráveis de realce social...
Uns deles, antes de alcançarem os degraus mais altos da fama, da fortuna terrena
e do poder, renteavam conosco e conosco viviam atrelados às dificuldades de toda
sorte. Ao atingirem o que ambicionavam, passam a nos olhar como inferiores,
simplórios, míseros seres desprezíveis, indignos de lhes fazer companhia.
Ah! São alegrias, gozos e prazeres fugidios que não resistem ao avanço do tempo!
Tais emoções são experimentadas por homens e mulheres sem fé, mesmo
freqüentando, por convencionalismo puro, as suas igrejas. Não sabem donde
vieram, o que fazem aqui, o que são e para onde vão após o decesso do corpo
físico transitório, de pouca duração.
Atormentamo-nos e exclamamos intimamente : “todos eles são felizes, menos nós!”
Ledo engano!
Não sabemos e nem nos capacitamos a sair do estado doentio do pessimismo, e
ainda não nos condicionamos à impregnação pelo bem-estar propiciado pelo
otimismo. Ele nos bate à porta da alma e não a abrimos, quer estar conosco e
evitamos a sua presença em nosso íntimo em forma de energia estimulante.
Imprescindível confiarmos em DEUS, a ELE nos entregarmos mais de alma do que de
corpo. Enquanto isso acontece, façamos a nossa parte, tomemos nossas iniciativas
cristãs, entreguemo-nos ao bem, ao culto do dever retamente cumprido e estaremos
afastando a lente do pessimismo que deforma a imagem da vida.
Os problemas alheios existem e em quantidades maiores do que possamos imaginar,
coletando os “vitoriosos no mundo”1 as aflições que lhes pertencem.
Tomados pelo otimismo resgatamos nossos débitos, enquanto eles, desconhecedores
que são da lei de causa e efeito, resgatam algumas dívidas e aumentam outras
mais entre os “triunfadores no mundo”; muitos se sentem falidos moralmente,
outros evitam o mais que podem o encontro fatal com a própria consciência;
outros, ainda, estão situados à beira da loucura e ignoram; estes estão à
procura do nada, caminham frustrados fingindo serenidade ante as desilusões, por
já pressentirem a fragorosa e iminente queda; esses, negadores contumazes da
realidade espiritual/moral da vida, mergulham nas alucinações psicopatas, não se
suportando olhar no espelho, não querem ver-se, preferindo ignorarem-se.
Naturalmente, tomados pelo otimismo, com olhos plenos de complacência, seremos
mais benignos ao examinar os intoxicados pelo pessimismo.
Não basta vertermos lágrimas para sermos considerados infelizes. Uns perderam
esta faculdade e a adicionam às outras aflições que os amortalham o semblante e
os constringem. Chora-se, e muito, de alegria, de bem-estar pelo envolvimento
amoroso dos Bons Espíritos, chora-se por se fruir a real felicidade – a
espiritual...
“Filhos do Calvário”, encontramo-los nos salões festivos, nos lugares das
alegrias e gozos mentirosos, e não apenas nas mansardas da vida física e moral.
Urge corrigir o ângulo da nossa maneira de olhar a vida e os outros, dilatando a
capacidade de perdoar, de praticar a caridade e de amar. E, aprendendo com
JESUS, exercitemos a compaixão, a paciência, a resignação no sofrimento, sem
pessimismo, mas, sim, com otimismo, na esperança, não de resultados imediatos,
porém transferindo para a Imortalidade o que ora não logramos.
1Importa, como salientam os nossos Mentores Espirituais, que sejamos vencedores
DO mundo, e não NO mundo, o que é bem diferente. Quem anseia e luta para vencer
NO mundo, longe se encontra de sair, de libertar-se dele.
Ensino coerente*
“(...) A filosofia espírita, todavia, não negando os valores do mundo para a
felicidade do homem, afirma a conduta otimista como forma de lograr a excelência
do bem e viver a paz. Demonstrando que o mal é transitório e tem um objetivo
modelador para impelir na direção do bem, elimina as colocações fatalistas,
destruidoras, por demonstrar a sobrevivência à morte, a terapia
reencarnacionista, em função educadora e a supremacia da justiça perfeita...”.
Adésio Alves Machado