Cem Por Um
Ócio, em qualquer parte, constitui esbanjamento.
Tudo vibra em perpétua movimentação, sem vácuo ou inércia na substância das coisas.
O corpo humano e o corpo espiritual são construções divinas a se estruturarem sobre forças que se combinam e trabalham constantemente em dinamismo santificante, por nossa vez, peças atuantes do Evangelho Vivo, demonstrando que o serviço é condição de saúde eterna.
Insculpe por onde passes o rasto luminoso do entendimento. Edifica o bem, seja
escutando o riso dos felizes ou assinalando o soluço dos companheiros
desditosos, criando rendimento nos tesouros imperecíveis da alma.
Ampara e ajuda a todos, desde a criança desvalida, necessitada de arrumo e luz
para o coração, até o peregrino sem teto, hóspede errante das árvores do
caminho.
Conserva por medalhas de mérito os calos nas mãos que abençoam servindo, a
fadiga nos músculos que auxiliam com entusiasmo, o suor na fronte que colabora
pela felicidade de todos os rasgões que te recordam as feridas encontradas no
cumprimento de austeras obrigações.
Oremos na atividade construtiva que não descansa.
Cantemos ao ritmo da perseverança feliz.
Respiremos no hausto da solidariedade sem mescla.
A caridade converte o sacrifício em deleite, o cansaço em repouso, o sofrimento
em euforia.
Ar puro – desfaz as emanações malsãs; água límpida – dissolve os detritos da
sombra; sol matinal – dissipa as trevas...
Mãos vazias ou cabeça desocupada denunciam coração ocioso.
Sê companheiro da aurora, despertando junto com o dia nas obras de paciência e
bondade, sustento e elevação.
A seara do Senhor no solo infatigável do tempo guarda riquezas inexploradas e
filões opulentos.
Aquele que grafa uma página edificante, semeia um bom exemplo, educa uma
criança, fornece um apontamento confortador, entretece uma palestra nobre ou
estende uma dádiva, recolherá, cem por um todos os grãos de amor que lançou na sementeira do Eterno Bem, laborando com a Vida para a Alegria Sem Fim.
Eurípedes Barsanulfo