Confiança e Conselhos
O marido chega em casa e pergunta à jovem esposa: - Meu bem, você me ama? Confia em mim? – Claro que sim, responde a esposa. – Pois, então, retorna o marido, promete atender-me no que lhe pedir? – Sim, meu bem, claro! – Pois, então, arrume minhas malas que vou partir para construir nossa vida. Voltarei em 20 anos para então vivermos com tranqüilidade!
Embora com lágrimas nos olhos e como tivera prometido, a esposa arrumou-lhe as malas e ele partiu, prometendo voltar em 20 anos.
Arrumou emprego e combinou com o patrão que trabalharia para ele durante 20 anos e que ao final desse prazo deixaria o emprego. Afirmou deixar para receber os salários apenas ao final do prazo, solicitando apenas refeição e pouso.
Trabalhou duro durante todo o tempo combinado e ao final, foi chamado pelo patrão que lhe mostrou uma grande caixa com todo o salário e horas extras do trabalho de 20 anos e ainda lhe presenteou com 3 pães, sugerindo que usasse 2 durante a viagem e deixasse o terceiro para saborear com a família.
Mas, simultaneamente, fez-lhe uma oferta: trocar todo o salário de 20 anos por três conselhos e os três pães. E o dedicado trabalhador aceitou. Os conselhos foram:
1) Não escolha atalhos por caminhos que não conheça; 2) Não seja curioso; e 3) Nunca decida em momentos de ódio.
No caminho de volta para casa defrontou-se com opção de atalho, oferecida por pessoa que o convidou para o atalho, o que o fez lembra-se do primeiro conselho recusando a oferta do desconhecido.
À noite, no quarto da pensão, ouviu estrondoso barulho no corredor e, ao colocar a mão na maçaneta para abrir a porta, lembrou-se do segundo conselho e não abriu a porta.
No dia seguinte foi informado que um hóspede da pensão tivera grave crise violenta durante a noite e que fora internado às pressas num hospício depois de matar um outro hóspede.
Retomou a viagem e qual não foi sua surpresa, às portas de casa, ao ver a própria esposa abraçada com outro homem. E aí lembrou-se do terceiro conselho. Recolheu-se num hotel e somente no dia seguinte voltou para casa. Foi carinhosamente recebido, mas não conseguir vencer a irritação e mágoa que o massacrava.
A esposa quis saber e ele desabafou. Além de ter ficado 20 anos fora, ter voltado sem nada ainda a encontrara nos braços de outro homem. Aí ela explicou que aquele era o filho deles, pois depois que ele partira descobrira-se grávida...
Vividas as alegrias do reencontro e do filho que conhece o pai, resolveram lanchar e ele então trouxe o terceiro pão que recebeu do antigo patrão. Só que a faca não cortava o pão. Havia algo sólido dentro do pão. Ao partirem-no se depararam com uma barra de ouro e um bilhete. Dizia o papel escrito pelo antigo patrão: esta barra de ouro equivale aos 20 anos de trabalho acrescido de mais 20 anos de bonificação. Se você está lendo esse bilhete é porque seguiu os 3 conselhos.
Pela conclusão o leitor já pôde compreender o alcance da questão...
O pequeno relato vale para avaliar o quanto nossas precipitações nos prejudicam, ao mesmo tempo em que indica o quanto precisamos confiar mais na proteção que a todos nos cerca.
Orson Carrara