Além da Noite

Além da noite do sepulcro aberto,
O horizonte mais fúlgido cintila...
Revelando outra luz, doce e tranqüila,
Qual sublime alvorada que vem perto! 

Extasiado, o espírito liberto,
Abandonando o ergástulo de argila,
Corta o céu pleno e claro em que se asila,
Longe das sombras do carreiro incerto.

Vós que subis por ásperos caminhos,
Sob cruzes de lágrimas e espinhos,
Acalentai-as para compreendê-las!...

Atravessai a dor ríspida e santa,
Que outra vida mais alta se levanta
No luminoso império das estrelas.


Cruz e Souza