Encontro de Natal
Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela
ternura de harmoniosa canção...
Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo.
Entretanto, misturada ao regozijo que te acalenta a esperança, carregas a névoa sutil de recôndita angústia, como se trouxesse no peito um canteiro de rosas orvalhado de lágrimas!...
É que retratas no espelho da própria emoção o infortúnio de tantos outros
companheiros que foram inutilmente convidados para a consagração da alegria.
Levantaste no lar a árvore da ventura doméstica, de cujos galhos pendem os
frutos do carinho perfeito; entretanto, não longe, cambaleiam seguidores de
Jesus, suspirando por leve proteção que os resguarde contra o frio da noite;
banqueteias-te, sob guirlandas festivas, mas, a poucos passos da própria casa,
mães e crianças desprotegidas aguardando o socorro do Cristo, enlanguescem de
fadiga e necessidade; repetes hinos comovedores, tocados pela serena beleza que
dimana dos astros; no entanto, nas vizinhanças, cooperadores humildes do Mestre
choram cansados de penúria e aflição; abraças os entes queridos, desfrutando
excessos de reconforto; contudo, à pequena distância, esmorecem amigos de Jesus,
implorando quem lhes dê a bênção de uma prece e o consolo de uma palavra
afetuosa, nas grades dos manicômios ou no leito dos hospitais...
Sim, quando refletes na glória da Manjedoura, sentes, em verdade, a presença do
Cristo no coração!
Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de
que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, através do eterno amor que se
derramou das estrelas.
Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas
divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de
alguém!...
Meimei