Voz do Infinito

No excêntrico labor das minhas normas
Na Terra, muita vez me consumia
Perquirindo nas leis da Biologia
As expressões orgânicas das formas.

O fenômeno apenas, porque o fundo
Do númeno às eternas rutilâncias,
Eram partes do Todo nas Substâncias
Desde o estado prodrômico do mundo.

Com o espírito absconso em paroxismos,
No rubro incêndio de batalha acesa,
Via Deus adstrito à Natureza,
Deus era a lei de eternos transformismos.

Concepção panteística, englobando
As substâncias todas na Unidade,
Perpetuando-se em continuidade,
A essência onicriadora reformando.

O corpo, desde o embrião inicial,
Era um mero atavismo revivendo;
A alma era a molécula, sofrendo,
Afastada do Todo Universal;

Domava-me todo o medo horrível,
Do meu viver, que eu via transtornado:
Eu era um átomo individuado
Em cerebralidade putrescível.


Augusto dos Anjos