Conceder e Repartir

Onipresença de Deus não significa escravidão de Deus às criaturas. Significa beneplácito de Deus para que ajamos em seu nome, efetivando as obras que estão por realizar, dependentes de nossa responsabilidade e à espera de nossa disposição de servir.

O Criador atua na Humanidade por intermédio dos homens. Sejamos instrumentos conscientes de nossas obrigações nas leis do destino.

Deus é a energia que nos imprime energias amor que nos insufla amor.

A fraternidade é o sentimento mais cabível em toda circunstância. Porque, na Terra, a existência muralhada de afetação, se todos deixam, o corpo de carne?

Quem brinca com a vida, brinca com a morte, que é vida continuada.

Não há espíritos nem ricos nem pobres; frequentemente surpreendemos cadáveres milionários ... E se existem legiões de pessoas nos farrapos interiores da fortuna mal empregada, há por outro lado, muita gente nas pompas externas da cultura transviada na delinqüência.

Consideremo-nos por irmãos realmente em Deus, filhos da mesma raça, descendentes de uma família só. Em nossas características de união, apenas existe certa diferença entre conceder e repartir.

Conceder, habitualmente, constitui atendimento a pedido, em que alguém de plano elevado satisfaz a solicitação de alguém que se localizar socialmente abaixo do concessor. Repartir é dar, sob a inspiração da caridade pura, irmanando, almas, no rumo das perfeições divinas.

Conceder, estabelece barreiras. Repartir, dissolve limitações.

Conceder envolve dignidade, compreensivelmente necessária às disciplinas da evolução, da qual nem sempre se prevalecem no mundo os caracteres mais nobres, enquanto que repartir é presença do amor — seiva do Universo — no coração que se integrou na solidariedade geral.

Conceder é admitir o bem, através de cerimônias; repartir é abraçar o bem segundo a Beneficência do Criador que espalha os tesouros da vida para todas as criaturas.

Conceder, às vezes, ainda inferioriza alguém. Repartir eleva a todos.

Não conceda apenas o que lhe sobre, reparta o que você usa. Se você concede algo do que tem, decerto já faz muito. Mas se você já reparte, faz muito mais.

Pela sua tranquilidade íntima, você conclui se está agindo certo ou errado. Você é seu próprio juiz e sabe perfeitamente quando concede e quando reparte.

Se o mal jamais entretece a paz, o bem nunca forja o pânico.

Nisso tudo, convenhamos que nem sempre é reto o fim da nossa estrada, mas podemos imitar a corrente que salta pedras, cantando alto.


Kelvin Van Dine