A Doação Inesperada
A instituição espírita, recheada de largos problemas econômicos, recebeu,
confortada, a visita do grande benfeitor que, segundo nota prévia, lhe daria expressivo apoio.
A diretoria da Casa tomara-se de esperança.
Doentes foram avisados e ali se acotovelavam na expectativa de algum recurso.
Viúvas necessitadas seguravam crianças nos corredores.
Amigos do trabalho beneficente exultavam.
Depois de longa palestra, o benfeitor tomou a palavra, de modo especial, e
anunciou a presença da doação.
Findo o suspense, a dádiva apareceu com enorme desapontamento para a assembléia.
Tratava-se de uma placa de ouro no valor de seiscentos mil cruzeiros, trazendo
gravadas algumas palavras de louvor endereçadas à organização.
O benfeitor despediu-se com o velado agradecimento dos diretores e, efetuada,
logo após, a reunião costumeira de preces, o amigo espiritual, através de um
médium, examinou o assunto e opinou que, à face das crianças subnutridas, seria
mais justo, em nome da caridade, trocar a preciosa placa imediatamente por
alguns sacos de arroz.
Seja prático no concurso à solução das necessidades alheias.
A Muita gente oferece estátuas ao labor da beneficência, ao invés de aumentar o feijão.
Valérium