O Amigo Oculto
"Mas os olhos deles estavam como que fechados, pra que o não conhecessem." - (LUCAS, 24:16.)
Os discípulos, a caminho de Emaús, comentavam, amargurados, os acontecimentos terríveis do Calvário.
Permaneciam sob a tormenta da angústia. A dúvida penetrava-lhes a alma,
levando-os ao abatimento, à negação.
Um homem desconhecido, porém, alcançou-os na estrada. Oferecia o aspecto de
mísero peregrino. Sem identificar-se, esclareceu as verdades da Escritura,
exaltou a cruz e o sofrimento.
Ambos os companheiros, que se haviam emaranhado no cipoal de contradições
ingratas, experimentaram agradável bem-estar, ouvindo a argumentação
confortadora.
Somente ao termo da viagem, em se sentindo fortalecidos no tépido ambiente da
hospedaria, percebera que o desconhecido era o Mestre.
Ainda existem aprendizes na "estrada simbólica de Emaús", todos os dias. Atingem
o Evangelho e espantam-se em face dos sacrifícios necessários à eterna
iluminação espiritual. Não entendem o ambiente divino da cruz e procuram
"paisagens mentais" distantes . . . Entretanto, chega sempre um desconhecido que
caminha ao lado dos que vacilam e fogem. Tem a forma de um viandante
incompreendido, de um companheiro inesperado, de um velho generoso, de uma
criança tímida. Sua voz é diferente das outras, seus esclarecimentos mais
firmes, seus apelos mais doces.
Quem partilha, por um momento, do banquete da cruz, jamais poderá olvidá-la.
Muitas vezes, partira mundo a fora, demorando-se nos trilhos escuros; no
entanto, minuto virá em que Jesus, de maneira imprevista, busca esses viajores
transviados e não os desampara enquanto não os contempla, seguros e livres, na hospedaria da confiança.
Emmanuel