Mensagem dos Filhos

Quando nos acolheste nos braços, sentiste que o coração se te estalava no peito, à feição de harpa repentinamente acordada por mãos divinas...

Rias e choravas, feliz, crendo haver convertido o regaço em ninho de estrelas. Conchegaste-nos ao coto, qual se trouxesse uma braçada de lírios que orvalhavas de lágrimas.

Quantos dias de ansiedade e ventura, sorrindo ao porvir, e quantas noites de vigília e sofrimento, receando perder-nos!...

O tempo avançou, laureando heróis e exaltando sábios, entretanto, para teu heroísmo oculto e para a tua sabedoria silenciosa, nada recebeste do tempo, senão as farpas de pranto que te sulcaram o rosto e os cabelos brancos que te coroaram a experiência.

Depois, Mãezinha, viste-nos crescidos e transformados, sem que o amor se te alterasse ou diminuísse nas entranhas do espírito.

Muitos de nós fomos afastados de teu convívio lembrando fontes apartadas de um manancial de carinho, na direção de outros campos.. Outros se distanciaram de ti, à maneira de flores arrebatadas ao jardim de teus sonhos para as festas do mundo

Ninguém te percebeu o frio da saudade e nem te viu o espinheiro de aflição atrás dos gestos de paciência, mas nunca estiveste só . Deus te ensinou a cartilha da ternura e a ciência do sacrifício, clareou-te a fé e sustentou-te a coragem... Quando a nós; parecíamos desmemoriados e distraídos, no entanto, sabíamos, com toda a nossa alma, que as tuas preces e exemplos nos alcançavam os caminhos mais escuros, soerguendo-nos da queda ou sustando-nos o mergulho no abismo, à maneira das fulgurações estelares, que orientam os passos do viajar, quando a noite se condensa em trevas...

E, ainda hoje, nos instantes de provação, baeta que te recordemos o amor para que se nos ilumine o rumo e refaçam as forças.

É por isso, Mãezinha, que em teu dia de luz, enquanto a música da alegria te homenageia nas praças, nós estamos contigo, no aconchego do ler, para ouvir-te de novo as orações de esperança e beijar-te as mãos, repetindo: Bendita sejas!...


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