As Crianças e o Futuro
Os pais provavelmente farão a grande viagem antes dos filhos. É necessário torná-los independentes, integrados à sociedade, preparados para continuarem a caminhada com tranqüilidade.
O egoísmo faz com que muitos pais estimulem a submissão nos seus filhos, a incapacidade de resolverem problemas sozinhos. Algumas vezes os pais lutam para conseguirem a independência dos filhos mas problemas vários, inclusive reencarnatórios impedem que as crianças e jovens consigam o seu desenvolvimento pleno.
Os pais precisam permanecer atentos para identificarem os processos de
desequilíbrio nos filhos auxiliando-os com os recursos da "horizontal" e da
"vertical" para libertá-los dos problemas. Não dispensamos o tratamento médico,
psiquiátrico, psicológico, pedagógico e, sobretudo o espiritual para que o
indivíduo consiga a expressão necessária ao desenvolvimento das suas
potencialidades.
Para ilustrar melhor o que escrevemos vamos relembrar histórias reais de
indivíduos que estão com dificuldades várias na possibilidade da conquista da
paz interior.
Mônica
A menina foi rejeitada pela mãe que já possuía dois filhos e não queria mais
nenhum.
A ciência oficial prova que Mônica sentiu no útero a não aceitação de sua mãe e
a indiferença do seu pai.
Nasceu muito miúda e chorona. A mãe contratou uma babá e entregou a menina para
a estranha. A moça realizava todas as tarefas com propriedade mas sem amor.
O bebê estava sempre impecável, limpo, bem vestido, bem alimentado. Tecnicamente
falando a babá era ótima; faltava o principal: AMOR.
Aos cinco anos Mônica era uma menina antipática, melancólica e indiferente para
com todos. Foi para a escola e logo criou antipatia em relação à sua pessoa. Não
conseguia fazer amigos, não conseguia ficar interessada nos desenhos e
brincadeiras que encantavam as outras crianças.
A mãe demonstrava claramente que amava os dois meninos e que não suportava
Mônica. O pai agia da mesma forma. Mônica começou a afastar-se da vida.
Continuou desinteressada pelas lições e pelos colegas.
Na adolescência continuou isolada e difícil; queria fazer amigos mas não
conseguia. Desejava melhorar na escola e parecia impossível. Considerava-se
incapaz, desagradável, indesejável; transformou-se em uma mocinha insuportável.
Aos dezoito anos encontrou uma professora bondosa que a orientou para comparecer
a uma casa espiritualista. Por sorte encontrou uma casa na qual alguns
indivíduos especiais estavam aprendendo a entender Jesus. Perceberam por trás da
antipatia de Mônica a necessidade de ser amada. A jovem foi orientada a passar
por um tratamento espiritual. Encontrou alguns jovens que a aceitaram embora com
reservas. Começou a participar de um grupo e pela primeira vez sentiu-se uma no
meio do grupo que a amparava. Iniciou também uma terapia com uma psicóloga e uma
mudança começou a ocorrer lentamente.
Mônica melhorou muito mas ainda traz as seqüelas do desamor que enfrentou na
infância e juventude. Uma mágoa a afasta da família que não a amou ou
compreendeu. Com dificuldade está reconstruindo a auto imagem positiva e a
certeza de que todos somos especiais, dignos de amor e respeito. Conseguiu
alguns amigos, tem medo de amar e ser rejeitada. Por causa da família Mônica vai
enfrentar problemas dispensáveis que teriam sido evitados se os pais, que vieram
preparados para a vitória auxiliassem Mônica em suas necessidades básicas: amar
e ser amada, ser respeitada para conseguir se expressar no respeito ao próximo.
Uma encarnação que se tornou difícil por causa do egoísmo do grupo familiar.
Mônica luta para resolver seus conflitos e inseguranças. Como a vida seria mais
fácil se entendêssemos que "é necessário fazer aos outros o que desejamos que os
outros nos façam..." Apenas isso: tratar os nossos filhos com o respeito e amor
que desejamos para nós...
Murilo
Ainda no útero Murilo começou a sentia a rejeição da mãe. Ela não o aceitava de
maneira alguma; egoísta achava que ele viera para atrapalhar; deformara o seu
corpo e perturbava o seu sucesso profissional. A revolta criou dificuldades para
o feto e os problemas aumentaram: desejava abortar e só não tentou de forma mais
eficiente com medo de complicações físicas. Mas inúmeras vezes expulsou Murilo
do pensamento. Ordenava a ele que saísse do seu corpo e ele retrucava
telepaticamente que não sairia.
Foi uma guerra mental. Sete meses se passaram e o feto não resistiu às agressões
e nasceu. Os problemas continuaram. A mãe continuava criança mimada e incapaz de
amor e dedicação. Tentou empurrar Murilo para as avós mas elas não aceitaram. O
pai fora embora por não suportar o egoísmo e agressões daquela mulher estranha e
Murilo ficou só.
O seu desenvolvimento foi realizado em creches nas quais, infelizmente, não
conseguia aceitar o amor que lhe era oferecido pois estava muito magoado com o
desamor que o deixara doente.
Repetiu vários anos escolares o que mais enfurecia a mãe que não o amava e dizia
em alto e bom som que filhos só servem para dar trabalho.
Aos dezenove anos iniciou a sua dependência de drogas, aos dezoito foi internado
em uma clínica especializada e começou a desejar sarar. A luta continua com
períodos de internação e outros fora do hospital. Agora iniciou também o
tratamento espiritual. A mãe continua mergulhada nela. É a nossa Mônica da outra
historinha.
Vibramos para que Murilo, que foi, como diz O Livro dos Espíritos, preparado
para a vitória, consiga atingí-la; e que Mônica entenda a importância da
maternidade. E o pai? Ele vai ser o próprio juiz quando amadurecer mais.
Quantos problemas poderiam ser evitados através de atitudes maduras e realmente
civilizadas...
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 361 de Fevereiro de 2001)
Heloísa Pires