Horas Difíceis

As horas difíceis surgem sempre.

Quando te vejas sob a tensão que provoquem, espera com paciência a passagem da crise, à maneira da erva no vendaval.

Esse discute com aspereza aquele grita, outro reclama e outros ainda se desmandam no desespero.

Sê o ponto de serenidade em que se erga a estação terminal do desequilíbrio.

Recorda a segurança da natureza.

A noite aguarda o renascimento do amanhecer.

A semente lançada a terra não germina de um instante para outro.

À noite, porém, não se estenda ociosa.

Benfeitora diligente, cria o orvalho que alimenta as flores, entregando-os ao dia, para que o dia as reúna nos mostruários da beleza.

A semente no chão não se desgasta na inércia.

Aceita a gradativa transformação de si própria, doando-se em resposta verde da vida permanente às mãos que a encarceraram no solo, convertendo-se na planta destinada a servir.

A paciência, igualmente, não é expectação improdutiva.

A serenidade da compreensão trabalha sem alarde, a fim de que a paz se estabeleça.

Nas dificuldades em que te reconheças, sê a paciência que age com caridade e inteligência, para que o bem se faça em auxílio de todos os corações que te compartilham a vida.

Para que te conscientizes, quanto a semelhante realidade, sempre que puderes, reflete na paciência infinita de Deus.

Estende a própria alma na dádiva que fizeres.

Ante os desajustados da Terra, respeita-lhes o caminho e silencia quando não lhes consiga compreender as lutas entremeadas do pranto que desconheces.


Meimei