Ao Encontro do Mestre
Meu caro Atila,
A senda do discípulo do Senhor está aberta.
Na retaguarda, é o pretérito de sombras.
À esquerda, surge o território incendiado das paixões.
À direita, aparece o gelado desfiladeiro da indiferença.
Nossa única porta de ação construtiva é a da frente.
Através dela é preciso marchar, amealhando amor e sabedoria ao preço de
renunciação e serviço constantes.
Não te atemorizem, pois, os golpes da sombra.
Refletir a luz do Cristo, em nós, na antiga arena da luta humana, é o nosso
objetivo essencial.
Dilatemos, acima de tudo, a nossa capacidade receptiva, assimilando as forças
superconscientes que fluem de cima para a regeneração do conteúdo de nossa
individualidade.
Comunhão integral com Jesus é a nossa meta.
Para alcançá-la, tudo o que não seja Amor, em suas manifestações, deve ser
esquecido.
Não te detenhas. Avança, por dentro do próprio coração, entendendo a excelsitude
do sacrifício.
Na estrada que trilhamos, milhares de companheiros amontoam recursos de ouro e
pedra para a aquisição de dor e arrependimento. Outros continuam povoando os
celeiros do tempo, com os monstros da insensatez.
Que a voz do Mestre vibre total na acústica de nossa alma, a fim de que os
desvarios da ilusão não nos aniquilem a sagrada oportunidade de escalar o monte
redentor. Ofereçamos a claridade de prece a todos os que desçam provisoriamente
no escuro castelo das horas perdidas.
E adiantemo-nos, não no carro da evidência pessoal, mas no laborioso esforço da
purificação, convictos de que em nosso reajustamento com Jesus permanece o
soerguimento do mundo.
Quando a alma abriga, enfim, o Divino Hóspede, profunda transformação se opera
no sistema espiritual de cada um.
Os olhos jazem incapacitados para a descoberta do mal.
Os ouvidos permanecem atentos às mensagens de sabedoria.
Os pensamentos se concentram invariavelmente no bem.
A palavra tece harmonia e felicidade em todos os recantos.
As mãos agem, incessantemente, sob a inspiração de ordem superior.
O coração, sobretudo, irradia bênçãos de compreensão e fraternidade, onde quer
que se encontre, por estrela consciente a resplandecer nas teias da carne, e o
império do Amor se estabelece no destino, consolidando a obra de sublimação
eterna.
Sigamos, pois, pelo calvário da ressurreição sem desfalecer.
Na ordem material da Terra, vemos constantemente o homem a esperar pelo mundo,
quando em verdade, o mundo vive esperando pelo homem, observando ainda que a
alma aguarda Jesus, ao passo que o Senhor, de braços compassivos, aguarda a
nossa alma, cheio de magnanimidade e esperança.
Movimentemo-nos, pois, à procura do Mestre e o Mestre virá, tolerante e sublime, ao nosso encontro.
Agostinho