E Depois?
Em diversas oportunidades, temo-nos referido ao esforço solidário dos
componentes da Instituição Espírita, como prerrogativa de êxito e crescimento de
realizações.
De fato, quando predomina o espírito de equipe estruturado, fundamentalmente, na
fraternidade e na compreensão, na tolerância e na renúncia, a união de todos
presidirá o trabalho progressivo e enobrecedor.
O Grupo, então, caminhará em suas destinações, indene de embaraços e
desencontros, personalismos e melindres.
Enfatizamos, desta feita, o funcionamento do Centro Espírita com base na
formação de grupos de tarefeiros que se especializem, com tempo e perseverança,
nas diversas atividades inerentes aos objetivos precípuos da comunidade
religiosa.
A descentralização administrativa proporciona, decerto, o surgimento de novos
valores nos domínios da cooperação fraternal.
Alertamos, assim, nossos companheiros de fé quanto à crise iminente das
Instituições apoiadas tão-só no devotamento e dedicação de equipe reduzida de
operários idealistas, principalmente quando chegam ao extremo de se firmarem
sobre um único elemento condutor.
Seja o médium com apostolado no Bem, seja o administrador com fidelidade ao
ideal, seja o pregador com exuberância de luz na palavra, seja o líder do
serviço social com ampla folha de serviços, jamais o Grupo Espírita deve
caminhar sob o comando de um único elemento, ainda que excelente distribuidor de
tarefas com os diversos aprendizes do Evangelho, conservados tíbios e inseguros
ante o excesso de diretividade.
As surpresas do inevitável, muita vez, têm proporcionado a núcleos bastante
operosos, quão prósperos, o definhamento de suas realizações, a paralisação da
marcha, o esvaziamento da célula produtiva, ombreando-se com o total despreparo
dos que permanecem na retaguarda das comunidades cristãs.
Não devemos favorecer a solução de continuidade em nossas realizações espíritas.
Imprescindível reconhecermos que nem mesmo Jesus se exonerou do concurso de
colaboradores prestimosos na divulgação da Boa Nova.
Convocou participantes solidários com a renúncia e o devotamento ao próximo,
instituindo o colegiado apostólico que abraçaria, com êxito e fidelidade, os
compromissos evangélicos.
Acentuou, junto a cada servidor de perto, tarefas específicas segundo as
potencialidades de seus corações.
Em diversas ocasiões, ocupou-se o Mestre em convocar Simão Pedro, Tiago e João a
maiores observações e aprendizado, conclamando-os a escutar e entender, ver e
sentir para servir com êxito dentre o grupo dos doze.
Paulo, o cooperador póstumo, vislumbrou a Luz Divina, na estrada de Damasco,
para, em seguida, ser encaminhado a responsabilidades e testemunhos na
comunidade evangélica, ao lado de outros corações não menos enobrecidos no amor.
A partir de então, de tempos em tempos, os séculos receberam a visita dos
auxiliares de Jesus na obra de defesa e perpetuação de seu Evangelho no mundo.
Observando o precioso exemplo do Mestre por excelência, defendamos as
Instituições Espíritas do aniquilamento de suas mais nobres destinações, perante
a ausência de seus pilares de responsabilidade e desvelo, convocados,
subitamente, ao regresso à Pátria Espiritual.
Muitos dirigentes e diretores de Centros Espíritas têm amargado remorso e
arrependimento no retorno ao mundo das realidades essenciais, contemplando, a
distância, seus continuadores na Causa desertando, ante os encargos que lhes
ficaram, por incapacidade de servir ou por inexperiência na adoção de
compromissos maiores junto ao movimento renovador.
Alertemo-nos, assim, preservando nossos núcleos espiritistas da condenação
peremptória ao estiolamento ou destruição por falta de cooperadores ciosos de
seus encargos.
Tarefeiros do Bem não se improvisam de hora para outra. Surgem ao longo da
experiência e participação, sob o apoio afetivo e estimulador da equipe
enobrecia no trabalho fiel.
Defender o patrimônio espírita é ação que principia na fraternidade universal
para ampliar-se no reconhecimento de que o dono legitimo da obra é Nosso Senhor
Jesus-Cristo.
Cada um de nós, no aprendizado eficiente, é simples servidor do Mestre,
matriculado na escola da Terra, sob as vistas do Tempo, que, de momento para
outro, nos convocará ao retorno à Pátria Verdadeira.
Sem plasmar trabalhadores para a obra erigida agora, que sucederá com ela
depois?
Guillon Ribeiro