Homenagem
Dama nobre que amei, desprezado e proscrito,
Ao recordar te, fiel, por legendárias landas,
Liberto, em vão, busquei a terra onde hoje mandas,
Cavaleiro do sonho, a galopes no Egito...
Achei te reencarnada, em áspero conflito,
Mutilada mulher, já não falas, nem andas,
E alguém te exibe ao povo as chagas por guirlandas,
Na caça de sustento ao corpo gasto e aflito,
Ao ver te exposta à rua, aos empuxões e aos trancos,
Lembro-te o sólido de ouro e os belos coches brancos,
Tremo, transido e triste, a seguir-te de rastros!...
Louva, Senhora, a lei!... Sofre a pena e a clausura...
Um dia, livre enfim, santificada e pura,
Terás, de novo, um reino e um trono, além dos astros.
Versos à irmão aleijada e mendiga, que reencontrei hoje, na via pública.
Epiphanio Leite