Voz dos Servidores

Senhor Jesus!
Por nossa própria imprevidência,
Embora a evolução que nos reveste,
O sofrimento áspero, profundo,
Invade, canto a canto, os distritos do mundo
E espalha o pranto e sombra ante o esplendor celeste.

Avança a Terra pelo espaço afora,
Carregando conquistas
Que lhe garantem plena exaltação.
Máquinas jamais vistas
Efetuam serviços colossais;
Satélites, além, na rota em que se vão,
Oferecem notícias e sinais.
Computadores poupam energias
Ou se fazem vigias
De caminhos e forças siderais.
E o homem, desde os céus ao subsolo,
Leva o próprio domínio pólo a pólo.

Entretanto, Senhor!
Em todos os lugares,
Há quem se desconforte,
No imenso festival de riqueza e cultura,

Transportando consigo a vocação da morte,
De coração cansado, ante a vida insegura.
Destacamos, Jesus, os que caem de tédio,
Que gastaram o tempo e o corpo sem proveito,
E são hoje doentes quase sem remédio
Na angústia sem razão que lhes oprime o peito.
Falamos dos que morrem na saudade,
Dos corações queridos que partiram
Para a imortalidade,
E tateiam chorando, ante a Vida Maior,
Vasos de cinza e pedra em derredor
Das lágrimas que vertem...

Falamos dos drogados,
Dos que largaram de servir,
Dos que se dizem desesperançados
Ante a luz do porvir;
Dos que afirmam que a fé
Hoje se guarda apenas em museus,
E proclamam, gritando desenfreados,
Que a ciência na Terra é a derrota de Deus.

É por isto, Senhor, que nós Te suplicamos :
Não nos deixes temer o vozeirão das trevas ;
Da Infinita Bondade a que Te elevas,
Concede-nos a força da humildade
De modo a trabalharmos, dia-a-dia,
Em Teu reino de luz e de verdade.
Ajuda-nos, Senhor,
A esquecer-nos, a fim de acompanhar-Te,
Cooperando Contigo em qualquer parte.
Acolhe-nos no amor com que nos guardas,
Na condição de servos teus.
Porque, apesar de sermos pequeninos,
Encontramos, Senhor, em Teus ensinos,
A presença de Deus.


Maria Dolores